quinta-feira, 4 de julho de 2013

ONDAS DE CHOQUE CAUSADAS POR METEORITO QUE CAIU NA RÚSSIA PERCORRERAM 85 OOO QUILÔMETROS ( Fenômenos Naturais/Espaço )

Pesquisa mostra que explosão foi a segunda maior já registrada e a quantidade de energia liberada foi a maior medida desde o meteorito que caiu em Tunguska, também na Rússia, em 1908

Cinegrafista russo captura momento em que meteorito entra na atmosfera

No dia 15 de fevereiro deste ano, um grande meteorito se desintegrou no céu sobre os Montes Urais, na Rússia. A onda de choque feriu cerca de mil pessoas e causou 30 milhões de dólares de prejuízo. Uma nova pesquisa aceita para publicação na revista Geophysical Research Letters descreve o impacto com o maior grau de detalhes até agora. Segundo os dados coletados pelos pesquisadores, a onda de choque provocada pelo meteorito viajou o equivalente a duas voltas no planeta e a quantidade de energia liberada foi a maior medida desde o meteorito que caiu em Tunguska, também na Rússia, em 1908.
CONHEÇA A PESQUISA


Onde foi divulgada: periódico Geophysical Research Letters

Quem fez: Alexis Le Pichon, Lars Ceranna, Christoph Pilger, Pierrick Mialle, David Brown, Pascal Herry, Nicolas Brachet

Instituição: Organização do Tratado de Proibição Completa de Ensaios Nucleares, entre outras

Dados de amostragem: Dados captados por 20 sensores de infrassom espalhados pela organização ao redor do mundo

Resultado: O impacto do meteorito liberou uma energia equivalente a 460 quilotons e causou ondas de choque que percorreram 85.000 quilômetros.
A onda de choque foi registrada por equipamentos da Organização do Tratado de Proibição Completa de Ensaios Nucleares, espalhados pelo mundo para detectar testes clandestinos de bombas nucleares. Os equipamentos registram a passagem de ondas de choque por meio da detecção de infrassons, sons de baixa frequência — com menos de 10 hertz — que não podem ser ouvidos pelos seres humanos.
Segundo o estudo, as ondas infrassônicas provocadas pelo meteorito foram gravadas em 20 estações de monitoramento da organização e foram as mais fortes já registradas pelo sistema. O impacto teria causado ondas de choque que percorreram até 85.000 quilômetros, o suficiente para dar duas voltas na Terra.
Os pesquisadores estimam que a explosão liberou uma energia equivalente a 460 quilotons — cerca de 20 vezes mais que a bomba nuclear jogada pelos americanos em Nagasaki, no Japão, na Guerra Mundial II. Por sorte, a explosão aconteceu muito acima da Terra, a uma altitude de 30 a 50 quilômetros. Segundo a pesquisa, essa é o segundo maior impacto de meteorito já registrado, só perdendo para o que caiu em Tunguska, que foi dez vezes mais potente e destruiu 8 milhões de árvores em uma área de 1.200 quilômetros quadrados de floresta.
Tudo sobre o meteorito que atingiu a Rússia

Qual era o tamanho do meteorito?

Estima-se que o meteorito possuía 15 metros de diâmetro ao entrar na atmosfera da Terra (um terço do tamanho do asteroide DA14 que passou pela Terra nesta sexta-feira) e pesava cerca de 7.000 toneladas. Ele estaria se movendo a 18 quilômetros por segundo, o que equivale a 65.000 quilômetros por hora.
Fonte: Margaret Campbell-Brown, astrônoma da University of Western Ontario, no Canadá

Qual foi a potência da explosão?

A explosão teria atingido uma força de 300 a 600 quilotons. A bomba nuclear que atingiu a cidade japonesa de Hiroshima, por exemplo, tinha potência de aproximadamente 16 quilotons.
Fonte: Margaret Campbell-Brown, astrônoma da University of Western Ontario, no Canadá

Por que as agências espaciais conseguiram prever a chegada do asteroide 2012 DA14, mas não do meteorito russo?

O asteroide 2012 DA14, com 45 metros de diâmetro, é um dos menores objetos cósmicos que podem ser detectados por especialistas. Apesar de não ser impossível detectar um objeto de apenas 15 metros de diâmetro, é algo muito raro, especialmente se o ângulo em que ele se aproxima da Terra não for o ideal – por exemplo, quando ele está contra o Sol. Em 2008, um objeto de cerca de 2 metros de diâmetro foi observado horas antes de atingir a Terra.
Fonte: Margaret Campbell-Brown, astrônoma da University of Western Ontario, no Canadá

Por que o meteoro provocou uma luminosidade tão intensa?

O meteoro deixa atrás de si um rastro de ar ionizado, que provoca a luminosidade. De acordo com a NASA, o meteoro em questão foi mais brilhante do que o Sol. De forma geral, ele não causa danos às pessoas devido à mesma defesa natural que nos impede de olhar diretamente para o Sol.
Fonte: Margaret Campbell-Brown, astrônoma da University of Western Ontario, no Canadá

Por que tantas pessoas ficaram feridas?

As pessoas foram feridas principalmente pelos estilhaços de vidro e outros detritos causados pela onda de choque da desintegração desse meteorito. Objetos celestes se deslocam pelo espaço a uma velocidade muito elevada e, ao encontrar a atmosfera terrestre, que é mais densa do que o espaço, ele é freado e a energia que produz se transforma em calor, o que faz com que ele queime. Quando a superfície do meteoro começa a se aquecer, o ar ao redor dele esquenta também. Por ser aquecido rapidamente, o ar expande de forma muito rápida, criando a chamada onda de choque, que é capaz de quebrar os vidros ao colidir com eles, devido à pressão que exerce.
Fonte: Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos

Qual a probabilidade de um objeto do tamanho deste meteorito atingir a terra novamente?

Especialistas estimam que a queda de um meteorito ocorre anualmente, mas normalmente esse fenômeno passa despercebido porque costuma ocorrer no deserto ou outras áreas não povoadas. Para objetos de 15 metros, a estimativa é que eles atinjam a Terra em intervalos de 50 anos.
Fonte: Margaret Campbell-Brown, astrônoma da University of Western Ontario, no Canadá e NASA

FONTE:Revista Veja/ciência

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