sábado, 8 de junho de 2013

NOVAS DATAÇÕES PARA FÓSSEIS DA SERRA DA CAPIVARA ( Arqueologia/Paleontologia/Piauí-BRASIL )

Novas datações para fósseis da Serra da Capivara
15 Abr de 2013 - 13:43

A Serra da Capivara é conhecida desde a década de 1990 pelas várias descobertas sobre fósseis de mamíferos extintos considerados gigantes se comparados à maioria dos que vivem hoje.
Por Elver Mayer

Paleontólogo da FUMDHAM 

No final do mês de março um grupo de pesquisadores brasileiros apresentou em um evento científico internacional chamado “EPR-BioDose” realizado em Leiden, na Holanda, um trabalho com novas datações obtidas para fósseis da Serra da Capivara. Os fósseis foram descobertos em 2010 no sítio paleontológico batizado de “Lagoa dos Porcos”, no município de São Lourenço do Piauí, sudeste do estado. As escavações foram realizadas pela equipe da Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM) até 2012, revelando uma quantidade exorbitante de fósseis que estão apenas começando a ser estudados. As amostras foram datadas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (Campus Ribeirão Preto, SP) e da Universidade Sagrado Coração (Baurú, SP) em colaboração com profissionais da FUMDHAM. O método utilizado nas datações chama-se Espectroscopia de Ressonância Paramagnética Eletrônica, mas é simplificado pela sigla EPR em português. Através dele, os pesquisadores avaliam a idade dos fósseis com base em um tipo específico de energia que se difunde pelo universo e se acumula em alguns materiais encontrados em nosso planeta, como o esmalte e a dentina dos dentes de mamíferos e as partículas sedimentares que os soterraram levando à fossilização.

Foram datados dois dentes de grupos diferentes, um toxodonte, mamífero de corpo volumoso que lembra a aparência de um hipopótamo, e um mastodonte, parentes distantes dos elefantes atuais. Os resultados das datações representam um intervalo de tempo que varia de 19 a 30 mil anos para o acúmulo de fósseis de mais de dez gêneros de mamíferos extintos. Entre eles figuram quatro espécies de preguiças gigantes, outras três de tatús gigantes e duas de cavalos pré-históricos, além do tigre-dentes-de-sabre e uma nova espécie de toxodonte, descrita recentemente. Os fósseis apresentam diferentes estados de preservação, incluindo desde peças que se apresentam excepcionalmente completas até fragmentos que não podem ser identificados nem mesmo quanto à que parte do corpo do animal pertenceram. As datações revelam que a fauna identificada viveu no final do período geológico chamado Pleistoceno, que durou até aproximadamente 10 mil anos atrás e foi o último antes do período que vivenciamos atualmente, chamado pelos especialistas de Holoceno.


Estas novas descobertas paleontológicas do Piauí contribuem para o conhecimento sobre a composição da fauna pré-histórica do estado, sua distribuição geográfica e temporal. Além disso, os processos que contribuíram para o acúmulo e preservação dos restos esqueléticos destes gigantes podem ser compreendidos, permitindo reconstituir o contexto ambiental em que este fenômeno aconteceu. A partir de dados como estes, se obtidos para certa quantidade de localidades, é possível elaborar um cenário que reconstrói as transformações ambientais ocorridas durante este determinado período da história da Terra e investigar seu papel nas alterações ocorridas com a fauna de mamíferos que habitava a região.

A Serra da Capivara é conhecida desde a década de 1990 pelas várias descobertas sobre fósseis de mamíferos extintos considerados gigantes se comparados à maioria dos que vivem hoje. Trata-se de uma grande variedade de formas animais que habitavam a região no passado, mas que acabaram não deixando descendentes até os dias atuais. As causas deste desaparecimento ainda são bastante debatidas entre os pesquisadores, mas para a América do Sul a principal hipótese considerada é a de extinção por mudanças climáticas. Embora os estudos sobre o parentesco e a anatomia destes animais sejam comuns, datações dos fósseis ainda são pouco numerosas. Desta forma, os cientistas conhecem relativamente bem as espécies que viveram e por onde se distribuíam geograficamente no passado, mas têm poucas informações precisas sobre quando eles realmente estiveram por aqui. 


FONTE: FUNDHAM

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