terça-feira, 2 de abril de 2013

IGREJA CATÓLICA PERDE TERRENO ( Artigo Religioso )


Publicação: 31 de Março de 2013 às 00:00


James Hookway - Wall Street Journal

Manila - A Igreja Católica está enfrentando mais do que as consequências dos escândalos de abuso sexual na Europa e América do Norte. Sua autoridade também vem sendo questionada mais frequentemente em bairros e condomínios do mundo em desenvolvimento, como as Filipinas.  Congregações em lugares como a América Latina, África e Filipinas já representam a maioria do universo global de 1,2 bilhão de católicos. Frequentemente, eles são vistos como uma base de apoio para a instituição à medida que a influência da Igreja na Europa e em outros lugares continua a diminuir. Mas as economias costumadas a serem chamadas de Terceiro Mundo cresceram rapidamente e milhões de pessoas migraram para grandes cidades como São Paulo ou Manila, e os católicos estão começando a buscar respostas mais imediatas para seus problemas do dia-a-dia.

Em áreas tradicionalmente dominadas por católicos, grupos protestantes evangélicos tiveram um aumento explosivo na sua popularidade à medida que os católicos migraram para uma fé que veem como mais sintonizada com a vida moderna num mundo em rápida transformação. No Brasil, onde os evangélicos já representam mais de um quinto da população (cerca de 42 milhões de fieis), em comparação com menos de 4% quatro décadas atrás, líderes como o bispo Edir Macedo usam suas próprias redes de televisão e a Internet para pregar fórmulas de sucesso enquanto o país cresce rapidamente.

Em áreas cristãs da África, evangélicos também estão ganhando terreno e já representam mais de 10% da população de todo o continente. Em outros lugares, como Filipinas, governos estão estabelecendo a agenda pela primeira vez em décadas, ecoando a secularização que primeiro deixou a Europa rumo à América do Norte e que também está tomando o caminho da América Latina.

As mudanças em curso nas Filipinas - onde nasceu o cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, de 55 anos e apontado como forte candidato à sucessão de Bento XVI antes do conclave que elegeu o papa Francisco - são algumas das mais profundas no mundo católico. As Filipinas são um dos países predominantemente católicos mais conservadores. O divórcio ainda não foi legalizado e alguns penitentes ainda hoje se crucificam a cada Páscoa numa representação da crucificação de Jesus Cristo.

Ainda assim, a Igreja enfrentou uma derrota significativa no país quando o presidente Benigno Aquino III sancionou, em dezembro passado, a lei que prevê disponibilidade mais ampla de contraceptivos e educação sexual num esforço para diminuir uma das taxas de nascimento mais elevadas da Ásia.

Economistas e muitos líderes políticos afirmam que o rápido crescimento da população, especialmente entre os filipinos mais pobres, é uma grande contribuição para a pobreza que ainda afeta muitas partes do país a despeito da recente melhora no crescimento econômico das Filipinas. Pesquisas de opinião mostram que muitos filipinos - mais de 70% da população - concordam.

Líderes locais da Igreja fizeram intensa campanha contra a nova lei, a ponto de ameaçarem de excomunhão o presidente Aquino, um católico praticante, se ele sancionasse o projeto. Parlamentares conservadores também fizeram discursos apaixonados contra o projeto. A Igreja ainda está lutando para entrar com uma ação contrária e a escolha de outro papa conservador para suceder João Paulo II e Bento XVI poderá dar algum ímpeto novo a essa resposta.

“Há um debate em curso dentro da Igreja se ela deve continuar a desempenhar um papel político”, afirma Ed Tayao, cientista político da Universidade Santo Tomás, em Manila. Entre outras coisas, a Igreja está se preparando para questionar a legislação de planejamento familiar perante a Suprema Corte das Filipinas, além de retomar uma campanha contra os parlamentares que votaram pela aprovação do projeto nas próximas eleições parlamentares locais, em maio de 2013.

Igreja influencia política nas Filipinas

Manila (AE) - Analistas afirmam que os padres podem ter alguma esperança, uma vez que a Igreja ainda exerce influência considerável no país. Embora as Filipinas tenham sido colonizadas pela Espanha no século 16, a administração das ilhas ficou em grande parte a cargo dos frades católicos. Isso acabou deixando marcas profundas no país, embora nenhum papa tenha visitado as Filipinas desde que João Paulo II esteve lá, em 1995. Líderes católicos, como o cardeal Jaime Sin, desempenharam um papel crucial nos protestos em massa que derrubaram o ditador Ferdinand Marcos em 1986 e o ex-presidente Joseph Estada em 2001. O cardeal também teve um papel importante na organização da oposição filipina contra indústrias potencialmente poluentes.

Alguns observadores também veem o vigor com que o cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, respondeu ao crescimento dos líderes evangélicos e carismáticos, que rotineiramente prometem prêmios aos seus seguidores, como outro sinal positivo para a Igreja. Entre outras coisas, o cardeal Tagle tem seu próprio programa de TV e usa as mídias sociais na internet para passar sua mensagem, ampliando a presença da Igreja no campo das ideias “Embora tenha 55 anos de idade, o cardeal Tagle é respeitado por sua profunda visão teológica e fantástica habilidade de comunicação”, disse o ex-ministro da Suprema Corte de Justiça das Filipinas, Artêmio V. Panganiban, em comentário recente.

Porém, para muitos filipinos a votação da lei de planejamento familiar em dezembro foi uma ruptura significativa em relação ao passado e uma demonstração de que as congregações no mundo em desenvolvimento estão tão dispostas quanto seus pares europeus ou americanos a deixarem de lado sua influência na vida pública. Analistas afirmam que à medida que a economia cresce rapidamente - a expansão foi de 6,6% no ano passado -, mais filipinos buscam uma nova geração de líderes seculares cuja liderança cresça junto com a melhora das perspectivas do país, mesmo se isso significar ir contra o que a Igreja prega como, por exemplo, a contracepção.

“A despeito da grande população católica aqui, não podemos esperar que a maioria das pessoas dependa do que a Igreja prega no que diz respeito à forma como vivem no dia-a-dia”, resume o cientista político Ed Tayao. As próximas eleições parlamentares nas Filipinas poderão mostrar que a Igreja também está perdendo o controle da esfera política. “Finalmente nós veremos se há um voto católico. Pode ser que, no fim das contas, isso não exista”, conclui Tayao.

Número de evangélicos dobra no RN

No período de dez anos, entre 2000 e 2010, o número de evangélicos no Rio Grande do Norte praticamente dobrou, passando de 247.755 para 487.948. No mesmo período, a religião católica apostólica romana incorporou apenas 85 mil novos fiéis, crescimento de 3,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados dos últimos censos mostram que a população católica, apenas de estar sempre crescendo em números absolutos, vem caindo proporcionalmente no RN. No inicio da década de 1990, os católicos eram 91,5% da população; em 2000 essa proporção caiu para 83,58% e em 2010, segundo o IBGE, 75,96%.

A queda vem sendo verificada, década a década, apesar dos novos rumos tomados pelo Vaticano, de uma evangelização mais voltada para o espírito e menos para as lutas contra a opressão e as injustiças sociais, que projetaram religiosos como D. Hélder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda; D. José Maria Freire, arcebispo de João Pessoa; D. Paulo de Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo e uma das principais vozes contra a ditadura militar.

No Nordeste, o Estado mais católico é o Piauí, onde 85,08% professaram a fé em Cristo e nas resoluções da Santa Sé. Em segundo lugar vem o Ceará, terra do Padre Cícero Batista Romão. O Rio Grande do Norte ocupa o quinto lugar.

Os evangélicos cresceram ocupando um espaço que deveria ser obrigação do poder público: o atendimento a usuários de drogas e assistência dentro dos presídios. O município com maior número proporcional de evangélicos é Baía Formosa, com 30,24%; em segundo lugar Serra do Mel  24,65%. O mais católico é Paraná, com 96,57%. E o município com maior número proporcional de habitantes que se declararam “sem religião” é Tibau do Sul (23,92%).
Fred CarvalhoAlvo dos pastores evangélicos, que se aproximam de presídios e favelas, os pobres agora terão vez no papado de FranciscoAlvo dos pastores evangélicos, que se aproximam de presídios e favelas, os pobres agora terão vez no papado de Francisco


Francisco louva amizade de muçulmanos

Roma (AE) - O papa Francisco louvou a "amizade de tantos irmãos muçulmanos" durante a procissão da Sexta-Feira Santa que relembra a crucificação de Jesus Cristo e foi dedicada este ano ao sofrimento dos cristãos no Oriente Médio. A procissão noturna da Via-Sacra até o Coliseu, em Roma, é um dos mais dramáticos rituais da Semana Santa, quando os cristãos relembram a morte e a ressurreição de Cristo. Com tochas iluminando o caminho, um fiel carrega a cruz a diferentes estações onde orações e leituras são realizadas em memória as horas finais da vida de Cristo.

Este ano, as leituras foram compostas por jovens fiéis libaneses Muitas das orações fizeram referência ao sofrimento dos cristãos do Oriente Médio e pediram por um fim "ao fundamentalismo violento", ao terrorismo e as "guerras e a violência que devastam vários países no Oriente Médio".

O papa Francisco escolheu porém destacar as relações positivas dos cristãos com os muçulmanos na região durante a rápida homilia ao final da cerimônia. Ele relembrou a visita do papa Bento XVI em 2012 ao Líbano.

FONTE: Tribuna do Norte

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