terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

NATURALISTA INGLÊS DIZ QUE HUMANOS SÃO "PRAGA SOBRE A TERRA" ( Meio Ambiente/Opinião)

Meio ambiente


David Attenborough, de 86 anos, deu a declaração em entrevista à revista britânica 'Radio Times', e se mostrou preocupado com a superpopulação

David Attenborough, apresentador de Tv
David Attenborough, apresentador de TV: "Se não fizermos nada, a natureza vai fazer" (Getty Images)
O naturalista inglês David Attenborough, famoso apresentador de documentários sobre a natureza, acredita que os humanos são "uma praga sobre a Terra" e disse que é preciso controlar o crescimento da população para garantir a sobrevivência, segundo afirmou em entrevista à revista semanal britânica Radio Times. Uma das produções mais importantes feitas por Attenborough é a série Vida, da BBC.
O respeitado naturalista, de 86 anos, mostrou seu pessimismo com relação ao futuro do planeta, o qual, em seu critério, não será afetado apenas pela mudança climática, mas também pela superpopulação humana, para a qual talvez não haja recursos suficientes. "Não se trata só da mudança climática. É também uma questão de espaço, se haverá lugares suficientes para cultivar alimentos para fornecer a essa enorme multidão", explicou Attenborough.
Attenborough pediu, além disso, que seja controlado o crescimento da população antes que o próprio planeta faça isso, como "já ocorre" em algumas zonas da África assoladas pela crise de fome. "Seguimos desenvolvendo programas contra a fome na Etiópia, lá é onde está acontecendo isso. Há muita gente ali. Eles não conseguem se manter e não é desumano dizê-lo em voz alta. É a realidade", disse o veterano apresentador da BBC.
O naturalista, que recebeu o prêmio Príncipe de Astúrias em 2009, prevê que os efeitos do crescimento desenfreado e a contaminação serão visíveis em 50 anos e que, enquanto não houver uma linha de atuação coordenada por todos os países, a situação no planeta "ficará ainda pior".
A crença de que será o próprio humano que destruirá o planeta é um argumento habitual que o apresentador, reconhecido defensor do meio ambiente, expressou em diversas ocasiões em seus documentários.
Fora de moda — Em seus mais de 60 anos de profissão, Attenborough realizou diversas séries centradas na vida da Terra que lhe renderam vários prêmios dentro e fora do Reino Unido, uma forma de trabalhar que, segundo Attenborough, está em período de extinção.
"É muito mais barato você colocar alguém na frente da câmera descrevendo um comportamento animal do que mostrá-lo de fato. Este leva muito mais tempo. Este tipo de programa feito sob medida, quando a narração trabalhada combina devidamente com as imagens está fora de moda, igual a um chapéu velho", comentou o apresentador, que atribuiu as mudanças à economia.
No entanto, rejeitou qualquer tipo de nostalgia quanto a seu método de trabalho, já que não "acredita que seja necessário um novo Attenborough". Na próxima terça-feira, ele estreia um novo programa chamado Natural Curiosities (Curiosidades da Natureza) na TV britânica.

"Os humanos são uma praga"

Reprodução
Agente Smith, personagem do filme 'Matrix'
"Eu tentei classificar sua espécie e me dei conta de que vocês não são de fato mamíferos. Todo mamífero neste planeta desenvolve instintivamente um equilíbrio natural com o ambiente em que vive, exceto os humanos. Vocês se mudam para um local e se multiplicam e multiplicam até que todos os recursos naturais sejam consumidos e a única maneira de sobreviver seja se espalhar para outra área. Existe outro organismo neste planeta que segue o mesmo padrão. Você sabe qual é? Os vírus. Os seres humanos são uma doença, um câncer para este planeta. Vocês são uma praga e eu sou a cura."

Agente Smith, durante diálogo com Morpheus, em Matrix

Pessimismo injustificado — A superpopulação, a falta de recursos como água e alimentos em muitas regiões empobrecidas do planeta é uma realidade, mas não tão feia como o pessimismo de David Attenborough faz acreditar. Outro britânico, o economista Thomas Malthus (1766-1834), previu no século 19 que a população humana iria crescer em progressão geométrica, o que não se concretizou nem de longe. 
Relatórios mais sérios desautorizam previsões de massas famélicas vagando pelo planeta. Um estudo publicado em 2008 pela IIASA - International Institute for Applied Systems Analysis (Insiituto Internacional para Análise Aplicada de Sistemas), organização não-governamental austríaca, estima que o mundo terá metade dos habitantes atuais em 2200 e mal chegará a 1 bilhão em 2300.   
Quanto às áreas para plantio, cada vez mais a agrotecnologia quebra recordes, produzindo mais em espaços cada vez mais reduzidos. É bom lembrar que antes dos fertilizantes e agrotóxicos, previsões desastrosas eram feitas sobre a capacidade da humanidade de produzir alimentos. Todas caíram por terra. Na prática, a produção de grãos cresceu 250% entre as décadas de 1950 e 1980. Apesar de ótimo naturalista, a fala catastrófica de Attenborough fica melhor na boca de personagens fictícios.
(Com Agência EFE)

FONTE: Revista Veja.com/Ciência

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