terça-feira, 24 de julho de 2012

HUMANISMO MULTICULTURAL ( Comportamento "Humano") "Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação." (PARTE II)

Unesco

Humanismo multicultural
Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação.
Por Asimina Karavanta*

Imperativo histórico
Tendo em vista o crescente número de refugiados e de pessoas apátridas, a sucessão das crises econômicas e políticas, o aumento dos fundamentalismos, da xenofobia e de novas formas de racismo, e as revoltas subsequentes exigindo democracia, o humanismo emerge como parte da “necessidade – segundo o escritor palestino-americano Edward Said (1935-2003) – de histórias sóbrias, desintoxicadas, que tornem evidentes a multiplicidade e a complexidade da história, sem permitir que alguém conclua que ela se move impessoalmente, de acordo com leis determinadas tanto pelo divino como pelos poderosos”.

Said é famoso por ter analisado os valores históricos, filosóficos e literários do humanismo ocidental. Ele estudou o impacto ideológico violento do humanismo ocidental sobre as culturas não ocidentais. Suas ideias estimularam um candente debate após o aparecimento do livro póstumo Humanism and Democratic Criticism. Para Said, assim como para outros, o humanismo, “como esforço das faculdades de linguagem de uma pessoa a fim de compreender, reinterpretar e enfrentar produtos da linguagem na história, assim como outras linguagens e outras histórias, não é uma forma de consolidar e afirmar o que sempre soubemos e sentimos, mas sim um meio de questionar e de reformular o que nos é apresentado como certeza acrítica, incontroversa e embalada como mercadoria”.

A necessidade de se envolver na “complexidade da história”, aprendendo a lembrar-se do esquecimento dos eleitorados marginalizados e de suas culturas rejeitadas, tornou-se um imperativo na época atual. Se o século 20 é a idade “de exílio da consciência”, como diz Said, o século 21 é a idade do anthropos, isto é, da espécie humana. Anthropos significa um rosto humano.

Refugiados afegãos no Paquistão. À direita, acampamento de somalis, em Mogadíscio. Abaixo, meninos somalis em Dadaab, no Quênia.


FONTE: Revista Planeta



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