terça-feira, 31 de julho de 2012

NASA REVELA DESCONGELAMENTO "REPENTINO" DE VASTA ÁREA NA GROENLÂNDIA ( Aquecimento Global/Meio Ambiente )

25/07/2012 - 15h17

Nasa revela descongelamento 'repentino' de vasta área na Groenlândia

DA BBC BRASIL
A enorme superfície de gelo da Groenlândia, na costa nordeste da América do Norte, sofreu um descongelamento ''sem precedentes'' no mês de julho, segundo a Nasa, a agência espacial americana.
De acordo com os cientistas da Nasa, em apenas quatro dias, medidos a partir do dia 8 de julho, a área da camada de gelo descongelada que era de 40% passou para 97%.
Apesar de cerca de metade da camada de gelo da Groenlândia normalmente derreter nos meses de verão, a velocidade e proporção do derretimento registradas neste mês surpreendeu os cientistas e por ser das mais elevadas desde que o monitoramento satelital da região teve início, há três décadas.
Entre as áreas em que se detectou derretimento estava até o local mais frio e mais alto, a estação Summit.
Nasa
Descongelamento foi classificado por cientistas como 'sem precedentes'
Descongelamento foi classificado por cientistas como 'sem precedentes'

De acordo com os especialistas da Nasa, quase toda a camada de gelo da Groenlândia, desde suas finas extremidades na costa, até o seu centro, que tem três quilômetros de espessura, enfrentaram algum grau de derretimento em sua superfície.
INDAGAÇÕES
''Quando nós vemos derretimento em locais que não havíamos visto antes, ao menos em muito tempo, isso nos leva a perguntar o que está acontecendo'', afirmou o cientista-sênior da Nasa, Waleed Abdalati.
''É um forte sinal, cujo significado nós iremos desvendar dentro de muitos anos."
O cientista afirmou ainda que como um forte derretimento similar já foi registrado na Groenlândia, a Nasa ainda não foi capaz de determinar se esse foi um evento natural ou um fenômeno raro. Também não se pode afirmar ainda se ele foi provocado por mudanças climáticas acarretadas pelo homem.
Segundo registros da camada de gelo da Groenlândia, o trecho da estação Summit já havia derretido em 1989.
A notícia surge dias após outra imagem satelital divulgada pela Nasa ter revelado que um grande iceberg, com o dobro do tamanho da ilha de Manhattan, em Nova York, se partiu de uma

FONTE: Folha.com/BBC BRASIL

DINOSSAUROS FORAM EXTINTOS DE UMA VEZ SÓ, DIZ PESQUISA ( Paleontologia )

31/07/2012 - 11h05

Dinossauros foram extintos de uma vez só, diz pesquisa

DA EFE
Um estudo com fósseisde dinossauro encontrados nas montanhas dos Pirineus, uma cordilheira localizada na fronteira entre Espanha e França, reforça a hipótese de que a extinção desses animais não foi gradual, mas repentina, como consequência do impacto de um asteroide que caiu na Terra.

Divulgação
Concepção artística de saurópodes
Concepção artística de saurópodes

O estudo indica que os saurópodes --dinossauros herbívoros de pescoço e cauda longos e andar quadrúpede-- que viveram no final do Cretáceo na Europa mantiveram sua diversidade até a extinção, cerca de 65 milhões de anos, ao contrário das teorias gradualistas.
O trabalho de pesquisa, realizado por especialistas espanhóis da Universidade de Zaragoza e da Universidade Autônoma de Barcelona, junto com especialistas franceses e italianos, reforça a hipótese de que a extinção dos dinossauros pode ter sido brusca e repentina devido ao impacto de um asteroide na Terra e ao desajuste meio ambiental causado pelo evento.
Os pesquisadores, dirigidos por Bernat Vila, da Universidade de Zaragoza e do ICP, estudaram os ossos de fêmur achados em jazidas dos Pirineus e no sul e sudeste da França, áreas que no final do Cretáceo faziam parte da chamada Ilha Ibero-Armoricana, um antigo arquipélago que existiu no sul da Europa, assinalaram as fontes.
Os autores destacam que a extinção dos dinossauros é um dos fatos mais relevantes da história da vida na Terra ao se relacionar com o impacto de um grande objeto extraterrestre.
No entanto, apontam, há poucos lugares no mundo com um registro fóssil de dinossauros que coincide com o limite do Cretáceo.
A maior parte da informação registrada até a atualidade se baseava no abundante e bem conhecido registro fóssil de dinossauros do oeste da América do Norte, enquanto o que tinha acontecido no resto do planeta era bastante desconhecido.
No trabalho, faz-se pela primeira vez um estudo exaustivo dos fósseis de dinossauros saurópodes da Europa nos últimos milhões de anos do Cretáceo.
Nesse sentido, o artigo, publicado na revista "Paleo 3", demonstra que os Pirineus constituem um lugar ideal para responder se o impacto do asteroide foi a causa da extinção dos dinossauros ou não

FONTE: Folha.com/Ciência






domingo, 29 de julho de 2012

ILHA DO MEDO ( PARTE IV )

Evolução

Ilha do medo

Não há mamíferos nem fontes de água potável na Queimada Grande. Quem sobrevive nessa ilha paulista são milhares de cobras e aranhas venenosas. E a evolução se encarrega do resto

                                         


A precariedade de nossas instalações acaba servindo para uma aula de história. Segundo Damasceno, em pleno século 21, somos meros amadores se comparados aos cientistas pioneiros que visitaram a ilha, como João Florêncio Gomes, do Butantan, que, já em 1919, levou exemplares da jararaca ao instituto, em São Paulo. As primeiras e bem aparelhadas expedições começaram depois de relatos de moradores da ilha - funcionários da Marinha que cuidavam do farol, instalado em 1909 (automatizado na década de 1940, o equipamento dispensa até hoje a presença de pessoas em tempo integral). "Para cúmulo de infelicidade, os moradores [faroleiros da Queimada Grande] de vez em quando se veem privados até das próprias galinhas, que criam para sua subsistência, pois que, sendo lá o ‘paraíso das cobras’, esses pobres animais são frequentemente dizimados", escreveu o sucessor de Gomes, Afrânio do Amaral, em 1921.

A quantidade assombrosa de serpentes atraiu outros cientistas, como o belga Alphonse Richard Hoge, a partir da metade da década de 1960, Pedro Antônio Federsoni Júnior, nos anos 1980, e Otávio Marques, dos anos 1990 até hoje. "A Queimada Grande é um sonho para qualquer herpetólogo", diz Aníbal Megarejo, ao qual Damasceno e Rosa acompanharam em sua primeira expedição à ilha, no fim de 2010. "Na Mata Atlântica existe grande biodiversidade de serpentes, mas sempre com densidade populacional pequena. Há esconderijos, e é difícil de localizá-las."

Na Queimada Grande, não. Na noite anterior à nossa partida, contabilizamos 48 encontros com jararacas-ilhoas em três dias de saídas. Eu e João estamos na cozinha, depois de falar com as famílias ao telefone - o isolamento não é o bastante para afetar o alcance do sinal de celular -, quando ouvimos os gritos de Damasceno, em cima da mesma rocha de onde João acabou de descer. "Tem uma cobra bem no lugar em que você estava sentado!" Entreolhamos-nos, atônitos. Até então, sabia-se que a espécie não fica em lugares com muito vento, como era o caso do acampamento, e que ela é ativa apenas durante o dia. A ilha nos surpreendia de novo.

Na manhã seguinte, o mar está calmo como uma piscina. Todo o equipamento e as roupas foram embarcados na lancha que veio nos resgatar, e o pessoal da expedição saiu para uma missão final: instalar mais uma câmera-armadilha na mata. Dou-me o direito de não ver mais cobras pelos próximos meses e fico de bobeira, enfim relaxado, olhando para o mar - aonde as jararacas não chegam! Então me dou conta de que avisto uma mulher pela primeira vez em mais de 72 horas. Ela pula do barco com graça e acena para mim. É uma miragem? Jogo-me na água de calça, tênis e camiseta. Chego ao encontro dela em minutos, e sou recebido com uma máscara de mergulho. "Dá uma olhada lá embaixo", diz ela.

Assim que desço abaixo da superfície, avisto duas enormes arraias-pintadas e uma infinidade de peixes menores e águas-vivas. Um mundo novo, belo e sereno, que contrasta com a tensão da vida em terra na Queimada Grande.

Os momentos no mar aliviam o cansaço e a ansiedade. Se dias antes eu chegara fraco e amedrontado, hoje me sinto resistente e corajoso. Minha estadia na ilha faz sentido. Presenciei um momento-chave para uma criatura que se adaptou a condições desfavoráveis. E que, agora, vê seu destino em uma encruzilhada: a jararaca-ilhoa pode se readaptar ou deixar de existir. Conservar o seu lar, a ilha da Queimada Grande, não é questão de salvar uma espécie, mas de manter vivo um grande laboratório, que nos ensina, todos os dias, a importância de evoluir.

FONTE: Revista Planeta Sustentável

sábado, 28 de julho de 2012

ILHA DO MEDO ( PARTE III)

Evolução

Ilha do medo

Não há mamíferos nem fontes de água potável na Queimada Grande. Quem sobrevive nessa ilha paulista são milhares de cobras e aranhas venenosas. E a evolução se encarrega do resto

"A população está à beira de um colapso", acredita ele, ainda mais por habitarem um lugar conhecido por suas queimadas naturais - daí o nome da ilha. As excursões humanas levaram espécies invasoras, como o capim-gordura e o sapé, que hoje formam capinzais que ocupam mais de 11 hectares da ilha. "Esse mato, quando seco, é muito vulnerável ao fogo. Um grande incêndio poderia matar todos os indivíduos", alerta Aníbal Megarejo, herpetólogo do Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro.

Somam-se a esses fatores a presença de carrapato, comum em ilhas oceânicas - notamos algumas cobras com o corpo coberto por esses parasitas -, e uma possível escassez de alimentos, plausível em um lugar pequeno e sensível a mudanças climáticas. Basta imaginar um período sem chuvas, já que a água doce só é obtida em pequenos repositórios naturais, como as bromélias. Tais condições levaram o animal a ser considerado criticamente em perigo de extinção pela lista de espécies ameaçadas no Brasil e pela Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

O implante de chip sob a pele dos animais, feito por pesquisadores do Butantan, é um dos métodos para um monitoramento da população. Já para avaliar invasores, existem armadilhas fotográficas, instaladas em pontos estratégicos, que disparam se alguém passar na frente delas. O trabalho é coordenado por fiscais do Instituo Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), pois a ilha faz parte da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande.

Cientistas e ecologistas acreditam que o nível de proteção desse tipo de unidade de conservação ainda é baixo, pois apenas restringe o acesso a uma área de 1 quilômetro no entorno da ilha - além disso, a pesca, atividade comum na área, é feita sem nenhuma fiscalização. Por isso, começa a ganhar corpo o plano de transformar a Arie em parque nacional marinho. "O status de parque poderia atrair turistas interessados em mergulho, haja vista a grande biodiversidade de peixes naquela área", afirma Wilson Almeida Lima, chefe da reserva. "A presença dessas pessoas em volta da ilha vai inibir os biopiratas", acredita.

Mas salvar a jararaca-ilhoa depende também de ações localizadas, como a criação de animais em cativeiro. Além de possibilitar estudá-los de perto, essas criações mantêm uma reserva genética da espécie. Em um futuro hipotético, seus descendentes poderiam ser introduzidos na ilha.

As lanternas e a pequena chama do fogareiro são as únicas fontes de luz na noite sem estrelas. Depois de passar o dia à base de pão, macarrão instantâneo e atum enlatado, estamos empolgados com o projeto de cachorro-quente que ferve na panela. A cozinha é um abrigo sob uma rocha, cuja superfície irregular serve de prateleira para os poucos artigos de cozinha. Naquele espaço compartilhamos histórias, nos assustamos com aranhas armadeiras, que podem matar um homem com uma picada, e recarregamos nossa energia para voltar à mata em busca das ilhoas.

Na Queimada Grande, todo movimento deve ser calculado, desde onde pôr a mão até onde pisar. Mais de uma vez rolei no chão, escorreguei e me ralei nas pedras por não ter seguido essa regra à risca. Damasceno, o biólogo da expedição, sabe disso, mas não toma cuidado com algo aparentemente inofensivo: uma panela cheia de salsichas e molho. Ao tentar se servir, vira todo o nosso precioso jantar no chão. Eu e Rosa nos dividimos entre rir e tentar conter a frustração do companheiro com o movimento desastrado. 

FONTE: Revista Planeta Sustentável

sexta-feira, 27 de julho de 2012

ILHA DO MEDO ( PARTE II )

Evolução

Ilha do medo

Não há mamíferos nem fontes de água potável na Queimada Grande. Quem sobrevive nessa ilha paulista são milhares de cobras e aranhas venenosas. E a evolução se encarrega do resto

Concluiu que, para matar a ave com a peçonha da Bothropoides insularis, era suficiente uma dose cinco vezes menor que a dose letal do veneno da Bothropoides jararaca. "Ele é mais potente para aves, mas não para mamíferos", explica Otávio Marques, do Butantan. Se a peçonha não matasse a presa em poucos segundos, ela poderia morrer distante, impossibilitando o predador de comê-la. Assim, para garantir a refeição, a cobra pica o pássaro e não o solta mais, começando a engoli-lo logo em seguida.

O que mata suas vítimas na natureza, porém, pode salvar vidas humanas. Ao estudar o veneno da jararaca comum, pesquisadores brasileiros descobriram, em 1948, o vasodilatador bradicinina, que tem ação anti-hipertensiva e que mais tarde deu origem ao medicamento Captopril. Em 2001, foi patenteado outro anti-hipertensivo baseado nas mesmas toxinas, o Evasin. Embora essas substâncias, do ponto de vista bioquímico, sejam parecidas nas duas espécies - tanto que o soro antiofídico é o mesmo -, acredita-se que as poucas enzimas diferentes da peçonha da jararaca-ilhoa possam dar origem a novos fármacos.

Para os ambientalistas, esse é um dos motivos da retirada ilegal de cobras da Queimada Grande. "Por ser uma espécie endêmica e pelas propriedades ainda inexploradas do veneno, ela tornou-se um alvo cobiçado da biopirataria", afirma Raulff Lima, coordenador executivo da Renctas, ONG de combate ao tráfico de animais. "As serpentes, de um modo geral, são muito resistentes. Elas podem ficar dias sem comer, o que facilita seu envio a outros países", afirma.

A pesquisadora Karina Kasperoviczus, da Universidade de São Paulo (USP), ficou cara a cara com um dos intermediários do tráfico. Em 2008, ao desembarcar em São Vicente depois de estudos na Queimada Grande, ela foi abordada por um homem, que anunciou estar disposto a pagar 30 000 dólares para cada jararaca-ilhoa. "Ele dizia ter compradores para quantas cobras fossem capturadas", conta. Karina já ouviu relatos de pescadores que afirmaram ter visto pessoas com caixas de isopor na Queimada Grande.

O próprio Instituto Butantan retirou da ilha por volta de 830 exemplares desde a década de 1920 - quantidade significativa para uma população total de 2 134 indivíduos, segundo a estimativa mais precisa realizada até hoje publicada em 2008 por pesquisadores da USP e do instituto. Segundo essa contagem, a densidade populacional da Queimada Grande é de 50 serpentes por hectare, o que a torna um dos maiores serpentários naturais do mundo.

Mas, por estar concentrada em uma área tão pequena, a espécie corre sérios riscos. A endogamia resulta, no longo prazo, em baixa variabilidade genética dos indivíduos, o que os torna mais suscetíveis a doenças e à ocorrência de características anormais - uma prova disso seria o órgão sexual masculino não desenvolvido encontrado em algumas fêmeas, sem nenhuma função reprodutiva. Também já foi identificado por cientistas um espécime hermafrodita. "Essa é uma característica primitiva, e sua ocorrência na jararaca-ilhoa está associada a alterações em cromossomos relacionados ao sexo, devido à cosanguinidade", diz Marcus Augusto Buononato, biólogo que já esteve mais de 20 vezes na ilha.

Buononato diz que, nos anos 1980, em suas primeiras viagens, "não passava cinco minutos sem ver uma cobra". Nas últimas visitas, o número de encontros é bem menor e os animais, que podiam chegar a 1,20 metro, não passam de 70 centímetros. 
 
FONTE: Revista Planeta Sustentável

quinta-feira, 26 de julho de 2012

ILHA DO MEDO ( Não há mamíferos nem fontes de água potável na Queimada Grande. Quem sobrevive nessa ilha paulista são milhares de cobras e aranhas venenosas. E a evolução se encarrega do resto ) "PARTE I"

Ambiente 
 
Divulgação
Na falta de mamíferos, a jararaca-ilhoa teve de adaptar-se à vida nas árvores para poder caçar pássaros, mortos por um veneno cinco vezes mais poderoso que o da jararaca do continente

evolução

Ilha do medo

Não há mamíferos nem fontes de água potável na Queimada Grande. Quem sobrevive nessa ilha paulista são milhares de cobras e aranhas venenosas. E a evolução se encarrega do resto

André Julião e João Marcos Rosa
National Geographic Brasil - 05/2012
{txtalt}
"Olha uma ali!" Enrodilhada em galhos que parecem prestes a se quebrar com o peso, ela não se mexe nem mesmo com a nossa aproximação. Demoro para ver, em meio à folhagem, o que meus parceiros de expedição - o biólogo Breno Damasceno e o fotógrafo João Marcos Rosa - percebem logo. A serpente amarela com manchas marrons, quase invisível atrás das folhas, é a jararaca-ilhoa, o perigoso animal que ocupa o degrau mais alto da cadeia alimentar na ilha da Queimada Grande, um rochedo de granito forrado de Mata Atlântica, 33 quilômetros distante da costa da cidade de Itanhaém, no litoral sul de São Paulo. Sou tomado de um sentimento misto de empolgação e medo.



A Queimada Grande, afinal, não é nada hospitaleira com seus visitantes, das pequenas aves migratórias aos raros seres humanos que ousam pisar em seus 43 hectares (o equivalente a 40 campos de futebol). Como não há praias, o embarque e o desembarque são sempre complicados, quando não impossíveis. Não há fontes de água potável ou alojamento esperando pelos visitantes. As trilhas são íngremes e faz muito calor; a chuva, não raro, vem com tempestades de vento cortante. Há aranhas venenosas e, claro, cobras, milhares delas - no chão, nas pedras, na relva, nas árvores, por toda parte.

Mesmo assim, pisar pela primeira vez na rocha escorregadia que serve de porto é um alívio para quem passou a noite balançando em uma lancha ancorada - com as devidas consequências gástricas inerentes a marinheiros de primeira viagem, como era o meu caso. O percurso desde o continente levara apenas duas horas, mas era madrugada quando chegamos, e desembarcar sem a luz do sol estava fora de cogitação. Por isso, permanecemos chacoalhando até as 6 da manhã - só então pudemos deixar o barco que voltaria ao continente para esperar o dia do nosso resgate. Eu estava debilitado e confuso quando ele começou a se distanciar da ilha, com as pessoas a bordo acenando. Não havia tempo, porém, para refletir sobre aquele momento insólito, muito menos para descansar. Uma chuva se anunciava no horizonte e precisávamos armar acampamento o quanto antes. A barraca seria o máximo de conforto que eu teria nos próximos dias. Sono tranquilo, banho, banheiro e boas refeições eram privilégios que tinham ficado na costa.

Formada há 55 milhões de anos, em um desdobramento das origens da serra do Mar, a ilha da Queimada Grande foi ligada ao continente em diferentes períodos do passado. Entre 10 mil e 12 mil anos atrás, quando terminou a última glaciação da Terra, a área acabou cercada pelo mar, em decorrência da elevação no nível dos oceanos. A população de serpentes, que provavelmente eram da mesma espécie do continente - Bothropoides jararaca -, ficou ilhada. Sem pequenos mamíferos para caçar, as cobras precisaram se adaptar à vida em cima das árvores, pois a principal comida disponível eram as aves, de passagem pela ilha em suas migrações.

A mudança de padrão alimentar forçou alterações no comportamento. Enquanto o parente continental preserva hábitos terrestres na vida adulta, a ilhoa aprendeu a prender-se no alto das árvores pela cauda, a qual forma um laço em volta dos galhos e a sustenta pendurada - apenas os indivíduos jovens ficam o tempo todo no chão, pois se alimentam de lacraias, lesmas e sapos.

Outra diferenciação significativa está na potência de seu veneno. Pioneiro nas pesquisas sobre a cobra - descreveu a espécie em 1921 -, Afrânio do Amaral, um dos primeiros diretores do Instituto Butantan, em São Paulo, aplicou em pombos o veneno da jararaca-ilhoa e da continental. 

FONTE: Revista Planeta Sustentável

quarta-feira, 25 de julho de 2012

HUMANISMO MULTICULTURAL ( Comportamento Humano ) "PARTE III"

Unesco

Humanismo multicultural

Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação.


Por Asimina Karavanta*

Sociedade intercultural
Os gregos antigos acreditavam que a especificidade humana era o fato de o homem viver em uma sociedade regida pela lei – em outras palavras, em uma cidade-Estado (polis, em grego). O filósofo Aristóteles (século IV a.C.) desenvolveu a ideia dos seres humanos como “animais políticos”, moradores da cidade (bios politicos em grego). Mais recentemente, a filósofa norte-americana nascida na Alemanha Hannah Arendt retratou o refugiado moderno como um bios politicos por excelência, embora desprovido de uma polis.

Hoje, as crises políticas e econômicas que assolam o mundo não estão só aumentando o número de refugiados, mas também privando os cidadãos dos direitos ao trabalho e à educação longamente estabelecidos. O cidadão torna- se, agora, um cidadão a-polis, aquele que está sendo privado de direitos. Nas praças de Madri, Cairo e Atenas, para mencionar alguns casos recentes de revoltas políticas, o refugiado apátrida encontra o cidadão a-polis. Mesmo que suas exigências sejam diferentes, estão ligados por reivindicações compartilhadas de um ideal democrático que reconhece o anthropos como seu primeiro e mais fundamental princípio.

Apesar das diferenças em suas posições políticas e econômicas, tanto o refugiado apátrida quanto o cidadão a-polis requerem a configuração de uma nova polis. Aí, onde a diversidade de línguas, de tradições e de mitos constitui uma realidade diária, a prática da tradução e da transculturação torna-se uma prática de sobrevivência.

Fotos: AFP
Cooperação médica internacional em Kalkata, na Índia. Abaixo, refugiados curdos, vítimas do terremoto de outubro de 2011, na Turquia.


Um dos desafios atuais do humanismo é desenvolver condições favoráveis para as sociedades interculturais. Em outras palavras, criar sociedades que permitam a refugiados e cidadãos nativos estabelecer intercâmbios duráveis e produtivos. Quando vista como um campo comum partilhado por alianças múltiplas, essa sociedade intercultural pressupõe uma reconfiguração radical das instituições e dos discursos políticos, educacionais e sociais, que devem atender às necessidades de expansão das comunidades interculturais nos Estados-nações e suas formações supranacionais.

A interculturalidade é uma condição, tanto ontológica quanto política, que transforma o Estado-nação a partir de seu interior. No entanto, para os seres humanos serem reconhecidos social e politicamente como singulares, mas também iguais, é necessário reformar a educação de modo a permitir o florescimento de uma aprendizagem e de uma vivência intercultural que significa, nas palavras do filósofo francês Jacques Derrida, abrir continuamente as leis da hospitalidade para o estrangeiro a quem “a hospitalidade é devida”.

Construir esse tipo de humanismo hospitaleiro para aquele que continua a ser um anthropos estrangeiro, que na reconstituição de suas leis e discursos fala com sua condição política e ontológica radicalmente diferente, é a tarefa das ciências humanas hoje. Segundo a feminista norte-americana Judith Butler, essa tarefa significa, “nos voltarmos para o humano onde não esperamos encontrá-lo, em sua fragilidade e nos limites da sua capacidade de fazer sentido”. Trata-se de pensar o humano como o anthropos sempre já em jogo, sempre já em risco, como a face cujo olhar

FONTE: Revista Planeta

SUTIÃ MEDIEVAL PODE SER O MAIS ANTIGO DO MUNDO ( Descobertas Arqueológicas Recentes )

24/07/2012 - 13h22

Sutiã medieval pode ser o mais antigo do mundo

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Peças de lingerie de aproximadamente 600 anos atrás, encontradas em um castelo da Áustria, podem ser os mais antigos sutiã já registradoS, dizem cientistas da Universidade de Innsbruck.
Os pesquisadores encontraram soutiens de linho datados da Idade Média no castelo austríaco de Lemberg. A descoberta foi feita em 2008, mas só chamou atenção agora, após uma reportagem na "BBC History Magazine".
Universidade de Innsbruck/Associated Press
Sutiã de quase 600 anos é parecido com os atuais
Sutiã de quase 600 anos é parecido com os atuais
A localização desse tipo de lingerie medieval foi descrita como surpreendente por especialistas em moda. Até agora, acreditava-se que o sutiã seria uma invenção feita há pouco mais de um século, que teria sido a opção das mulheres ao abandonarem os espartilhos.
Com os achados, parece que o sutiã veio primeiro, seguido então pelos espartilhos e, depois, de uma reinvenção do sutiã.
Segundo a universidade, as peças estavam entre os mais de 2.700 fragmentos têxteis encontrados no local.
Quatro sutiãs de linho pareciam muito com os de hoje, com a separação de bojo bem definido. Uma das peças localizadas é particularmente interessante, com "duas alças largas nos ombros, e uma possível alça nas costas, não preservada, mas indicada pelas bordas parcialmente arrancadas dos bojos em que eles estavam conectados."
"Parece exatamente como um sutiã moderno", diz Hilary Davidson, curadora de moda do Museu de Londres. "Essas descobertas são incríveis."
Após encontrarem os material, os cientistas do Instituto de Arqueologia da Universidade de Innsbruck submeteram as peças a vários testes, inclusive o de carbono 14, que faz uma datação precisa da idade das roupas.
"Nós não acreditamos em nós mesmos. Pelo que nós sabíamos, não existiam peças nem um pouco parecidas com sutiãs no século 15", disse Beatrix Nutz, arqueóloga responsável pelo estudo.
E, como hoje, a lingerie não era apenas funcional.
Os sutiãs foram primorosamente decorados com rendas e outros ornamentos, sugerindo que eles também fossem destinados a agradar a um pretendente.
Uma outra peça, similar a uma tanga moderna, também foi localizada. Segundo os cientistas, porém, trata-se de uma peça masculina. Nesse período, as mulheres não costumavam usar esse tipo de roupa íntima, que era reservada apenas aos homens também como uma forma de distinção que indicava poder e controle. 

FONTE: Folha.com/Ciência

terça-feira, 24 de julho de 2012

ICEBERG GIGANTE SE DESPRENDE DE GELEIRA NA GROENLÂNDIA ( Aquecimento Global/Meio Ambiente )

19/07/2012 - 11h30

Iceberg gigante se desprende de geleira na Groenlândia

DA FRANCE PRESSE
Um enorme iceberg se desprendeu de uma geleira na Groenlândia, segundo imagens de satélite da Nasa (agência espacial americana), no que seria o mais recente indício dos efeitos do aquecimento global.

Nasa/France Presse
Imagem capturada pelo satélite Aqua, da Nasa, mostra uma rachadura (ao centro)na geleira Petermann, na Groenlândia; um iceberg com duas vezes o tamanho da ilha de Manhattan (EUA), desprendeu-se
Imagem capturada pelo satélite Aqua, da Nasa, mostra uma rachadura (ao centro)na geleira Petermann, na Groenlândia; um iceberg com duas vezes o tamanho da ilha de Manhattan (EUA), desprendeu-se
As imagens divulgadas nesta quarta-feira mostram um bloco gigante de gelo, o dobro do tamanho da ilha de Manhattan (Estados Unidos), desprendendo-se da Geleira Petermann, na costa noroeste da Groenlândia. A geleira já havia perdido um iceberg com o dobro desse tamanho em 2010.
A Nasa afirma que a rachadura na geleira era visível desde 2001, e que o seu satélite de observação Aqua registrou o rompimento entre 16 e 17 de julho.
O oceanógrafo Andreas Muenchow, da Universidade de Delaware, afirmou que a maior parte do desprendimiento dos icebergs ocorre a 600 metros de profundidade, onde a água é mais quente do que na superfície.
"Mas, ao contrário do que se poderia pensar, a perda deses bloco de gelo terá pouco efeito direto nos níveis do oceano, já que a plataforma de gelo flutuante entre 100 e 150 metros de espessura se encontra em águas oceânicas próximas do ponto de congelamento", explicou em seu blog.
Muenchow destacou que as águas do Atlântico que estão derretendo a geleira parecem estar mais quentes, segundo registros feitos até 2003. 

FONTE: Folha.com/Ambiente

DO MAR AO SERTÃO DO SERIDÓ, CONHEÇA O NOSSO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E ÁS NOSSAS BELEZAS NATURAIS ( Turismo Arqueológico )

TURISMO ARQUEOLÓGICO

Entre os dias 19 e 20 deste mês, estive visitando juntamente com dois turistas catarinenses, alguns dos mais belos sítios arqueológicos com PINTURAS RUPESTRES existentes nos municípios seridoenses de Carnaúba dos Dantas e Parelhas ( ambos no Rio Grande do Norte/BRASIL).

Nesses dois dias em que estivemos juntos, percorremos várias trilhas pela mata nativa da caatinga, com o ensejo de chegar aos principais objetivos por nós almejados, ou seja, chegar aos bonitos e misteriosos Sítios Arquelógicos...

Dentre os inúmeros "sítios" que visitamos, podemos destacar:

. FUNDÕES, TALHADO DO GAVIÃO, XIQUE-XIQUE I, XIQUE-XIQUE II e XIQUE-XIQUE IV ( Carnaúba dos Dantas ),  e MIRADOR ( Parelhas).

GALERIA DE FOTOS:



Valéria, Guilherme e Dean Carvalho tentando localizar algum "detalhe arqueológico" no grandioso painel rupestre do sítio Mirador.                                                                            

Talhado do Gavião, um dos belos sítios arqueológicos localizado no sítio Lajedo, cerca de 9 km da cidade, Guilherme 
e Valéria. 
                                                          Subindo a trilha, sempre atentos a tudo. 
     Valéria e Guilherme em cima do abrigo Talhado do Gavião, com pinturas da tradição Nordeste, sub-tradição Seridó.
Trilha limpa, bem cuidada e monitorada, seguindo em direção do Xique-Xique IV, acompanhado do atencioso auxiliar 
Dean Carvalho. 
                       Pinturas nas cores amarela e vermelha, Sítio arqueológico Xique-Xique IV
     Passarela Xique-Xique IV, mas outra obra do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)
    Observando cada detalhe, cada minuto era precioso, um patrimônio material e imaterial, uma joia inestimável.
      O Seridó é um destino certo, história, arte e calor tudo num único lugar,(Xique-Xique II)
                                                           Emas, Xique-xique II
 E
                                                                         Emas, sítio mirados ( Parelhas)
 O tempo é implacável, o intemperismo e o tipo de rocha, que é conglomerado não ajuda muito, esta cena foi descrita 
por José de Azevedo (pesquisador Carnaubense 1890-1929), como revoada dos tucanos. Azevedo descobriu registrando 
oficialmente o Sítio Mirador/Parelhas em 1924. 
 Valéria e Guilherme realizando o sonho vistando o Sítio Mirador, agradecimentos especiais a Secretaria de Turismo 
na pessoa de Katiane e Carlinhos Assis. 


Veja o que diz o casal Henrique e Vanessa, Cariocas radicado em Joinvile, Santa Catarina. “Viemos ao Seridó para ver as pinturas rupestres dos sítios arqueológicos de Carnaúba dos Dantas, e também,  para conhecer o sítio Mirador em Parelhas,  com a sua bonita e misteriosa  "Revoada dos Tucanos.” Já conhecemos o litoral, muito bonito por sinal, mas o interior merece uma atenção especial, completou Henrique

De fato, além da geo-diversidade, as serras, história (pré-história), gastronomia, cultura, as formas de expressão e os saberes e fazeres dão um show a parte, um atrativo a mais, que, além da energia que brota dos minerais, tem a hospitalidade que encanta os visitantes. 
O objetivo foi alcançado, Guilherme e Valéria disseram que vão indicar amigos para conhecer o SERIDÓ. Como agradecimento fica o ensejo de revê-los e que sejam todos bem vindos. 


FONTE e FOTOS: Dean Carvalho
TEXTO: Dean Carvalho e Carlos Sertão.

HUMANISMO MULTICULTURAL ( Comportamento "Humano") "Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação." (PARTE II)

Unesco

Humanismo multicultural
Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação.
Por Asimina Karavanta*

Imperativo histórico
Tendo em vista o crescente número de refugiados e de pessoas apátridas, a sucessão das crises econômicas e políticas, o aumento dos fundamentalismos, da xenofobia e de novas formas de racismo, e as revoltas subsequentes exigindo democracia, o humanismo emerge como parte da “necessidade – segundo o escritor palestino-americano Edward Said (1935-2003) – de histórias sóbrias, desintoxicadas, que tornem evidentes a multiplicidade e a complexidade da história, sem permitir que alguém conclua que ela se move impessoalmente, de acordo com leis determinadas tanto pelo divino como pelos poderosos”.

Said é famoso por ter analisado os valores históricos, filosóficos e literários do humanismo ocidental. Ele estudou o impacto ideológico violento do humanismo ocidental sobre as culturas não ocidentais. Suas ideias estimularam um candente debate após o aparecimento do livro póstumo Humanism and Democratic Criticism. Para Said, assim como para outros, o humanismo, “como esforço das faculdades de linguagem de uma pessoa a fim de compreender, reinterpretar e enfrentar produtos da linguagem na história, assim como outras linguagens e outras histórias, não é uma forma de consolidar e afirmar o que sempre soubemos e sentimos, mas sim um meio de questionar e de reformular o que nos é apresentado como certeza acrítica, incontroversa e embalada como mercadoria”.

A necessidade de se envolver na “complexidade da história”, aprendendo a lembrar-se do esquecimento dos eleitorados marginalizados e de suas culturas rejeitadas, tornou-se um imperativo na época atual. Se o século 20 é a idade “de exílio da consciência”, como diz Said, o século 21 é a idade do anthropos, isto é, da espécie humana. Anthropos significa um rosto humano.

Refugiados afegãos no Paquistão. À direita, acampamento de somalis, em Mogadíscio. Abaixo, meninos somalis em Dadaab, no Quênia.


FONTE: Revista Planeta



segunda-feira, 23 de julho de 2012

DICIONÁRIO DE MANDARIM EXCLUI DEFINIÇÃO QUE SIGNIFICA "GAY" NA CHINA ( "Comportamento Humano" )

21/07/2012 - 13h39

Dicionário de mandarim exclui definição que significa 'gay' na China

DA BBC BRASIL
A recém publicada edição de um dos mais importantes dicionários da China já está sendo alvo de críticas de ativistas de direitos humanos.
Eles reclamam que a publicação excluiu a definição da palavra comumente usada por homossexuais chineses para o termo "gay". A palavra é "tongzhi", que primariamente significa "camarada", também usada por décadas como forma de tratamento entre os comunistas.
A recém-revisada sexta edição do Dicionário Contemporâneo Chinês tem 69 mil verbetes, 13 mil caracteres chineses e 3 mil novas frases.
Estão no dicionário expressões de internet como "geili" - que significa "incrível" - e termos como PM2.5, referende a uma medida de poluição. Mas "tongzhi" - coloquialmente usada em chinês para a expressão "gay" - não está entre os verbetes.
O linguista Jiang Lansheng, um dos que trabalhou na nova edição, disse em uma entrevista à TV chinesa: "Nós sabíamos deste uso da palavra, mas não podemos incluí-lo." "Você pode usar a palavra como quiser, mas não vamos colocar este significado no dicionário porque não queremos promover este tipo de coisas."
NATURAL
Para Ding Xueliang, professor de Ciências Sociais da Hong Kong University of Science and Technology, a atitude não surpreende.
"O uso de 'tongzhi' para descrever homossexuais começou em Hong Kong e Taiwan para fazer graça dos comunistas chineses", ele disse à BBC Chinesa. "Então, é bem natural que o governo chinês não queira este significado no dicionário".
Mas ativistas estão em pé de guerra. Um deles, com a identidade protegida pelo apelido "Nan Feng", disse à agência de notícias oficial chinesa Xinhua ser inaceitável que o sentido "gay" de "tongzhi" não esteja no dicionário.
MESMO DESEJO
"Tongzhi é o mais comum e não ofensivo termo usado para nos referirmos a homossexuais", teria dito à agência.
A palavra padrão para "homosexual" em chinês é "tongxinglian", cuja tradução literal é "amantes do mesmo sexo". Mas muitos gays chineses a consideram um termo médico. "Tongzhi" significa literalmente "mesmo desejo".
Mas a omissão do Dicionário Contemporâneo Chinês não foi a primeira. Outro importante dicionário, o Xinhua Zidian, republicado em 2010, também exclui a definição. A homossexualidade foi declarado ilegal na China em 1997, e por anos vem sendo descrito como desordem mental.
Mas o professor de Ciências Sociais Ding Xueliang acredita que os protestos contra a nova edição do dicionário sinalizam um aumento da tolerância em relação aos gays.
"Há uma solidariedade maior e até mesmo apoio aos gays", ele diz. "Mas a China ainda tem muito a fazer em termos de garantir os direitos dos gays".

FONTE: Folha.com/BBC Brasil

HUMANISMO MULTICULTURAL ( Comportamento Humano) "Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação." (PARTE I")

Unesco


Humanismo multicultural


Crises sucessivas e um grande número de refugiados estão transformando a paisagem sociocultural. Para enfrentar os desafios dessas mudanças é necessário um novo tipo de humanismo, capaz de responder às demandas de comunidades compostas por diferentes culturas em permanente multiplicação.


Por Asimina Karavanta*

Foto: AFP


Duas guerras mundiais, campos de concentração, fábricas com trabalhadores em condições análogas à escravidão e outros aparatos do capitalismo global, independentemente das suas diferenças de qualifi cação, estão defi nindo acontecimentos do século 20 como eventos de uma história sombria. Também as vítimas das guerras anticoloniais e civis devem ser levadas em conta. Esse quadro sinistro é uma evidência do potencial destrutivo oculto sob o manto dos fi lósofos do Iluminismo, uma vez que seus discursos humanistas foram transformados em privilégio ideológico de apenas um certo tipo de ser humano e de um certo tipo de sociedade, nomeadamente aquela com valores da cultura ocidental.

A discrepância entre as promessas de humanismo e seu papel instrumental no colonialismo, no imperialismo e no tráfi co de escravos gerou uma crítica severa aos seus princípios c o n t r a d i - tórios, éticos e políticos, que chegou a um clímax na década de 1960. A desconstrução do humanismo como verdade universal incontestável intensificou a necessidade de reconfigurá- lo a partir da perspectiva “daqueles que só recentemente foram reconhecidos como seres humanos e de suas respectivas comunidades e culturas, muitas vezes exiladas, multilíngues e interculturais”, como escreveu Joan Anim-Addo em Towards a Post-Western Humanism.

* Asimina Karavanta é professora de literatura na Universidade de Atenas e coautora, ao lado de Nina Mogan, de Edward Said and Jacques Derrida: Reconstellating Humanism and the Global Hybrid (Cambridge Scholars Publishing, 2008).


O humanismo voltou à ordem do dia porque não é mais apenas o produto de monarquias e impérios europeus cujos projetos coloniais erigiram imperativos ideológicos com os ideais do Iluminismo. Também já não se define nação exclusivamente como uma construção monocultural e monolinguística. O renascimento do humanismo, como escreveu Bonnie Honig em Antigone’s Two Laws: Greek Tragedy and the Politics of Humanism, “í uma variante que reprisa o humanismo anterior no qual o que é comum aos humanos não é a racionalidade, mas o fato ontológico da mortalidade; não a capacidade de raciocinar, mas a vulnerabilidade ao sofrimento.”

FONTE: Revista Planeta




domingo, 22 de julho de 2012

ENCONTRADO NA GUATEMALA TEMPLO QUE DEMONSTRA CULTO DOS MAIAS AO SOL ( Descobertas Arqueológicas Recentes )

19/07/2012 - 00h48

Encontrado na Guatemala templo que demonstra culto dos maias ao sol


DA EFE
Um grupo de arqueólogos guatemaltecos e americanos descobriu no norte da Guatemala um templo que demonstra o culto dos antigos maias ao sol.
O Templo do Sol Noturno foi encontrado no sítio arqueológico El Zotz, situado no departamento de Petén, cerca de 500 quilômetros ao norte da capital guatemalteca, berço da ancestral civilização maia.
"O Templo do Sol Noturno é uma subestrutura da pirâmide do Diabo. Trata-se de uma escultura incrível por sua arte e função para homenagear o sol", explicou o arqueólogo americano Thomas Garrison durante a apresentação da descoberta no Palácio Nacional da Cultura, na Cidade da Guatemala.
Além de Garrison, da Universidade da Califórnia (EUA), participaram desse trabalho Stephen Houston, da Brown University, e Edwin Román, da Universidade de Austin (Texas).
O templo fica 190 metros sobre o ponto mais baixo do vale de Buena Vista e 160 metros sobre o nível da praça principal de Zotz, tem 13 metros de altura, com múltiplos níveis que preservam a estrutura interior do agressivo clima da floresta tropical, explicou o especialista.

Efe
Templo do Sol Noturno encontrado no sítio arqueológico El Zotz, na Guatemala
Templo do Sol Noturno encontrado no sítio arqueológico El Zotz, na Guatemala
O vale de Buena Vista foi uma das rotas mais importantes de comércio entre as zonas leste e oeste da região maia de Petén, conhecida também como uma rota de conflito, já que esta região ajudou a amenizar a rivalidade entre os antigos reinos de Tikal e Waka.
Román explicou que na iconografia do templo se contempla "a glorificação do sol" por parte dos maias.
A fase um, que se refere à deidade do sol, é representada por um peixe, que aparece no horizonte; a fase dois, o sol do meio-dia, aparece como "ele que bebe sangue"; e a terceira, o sol noturno, é simbolizado por um "jaguar feroz".
Essas fases coincidem com as descritas no Popol Vuh, o livro sagrado dos maias. 

FONTE: Folha.com/Ciência

O DESAFIO DA ÁGUA ( PARTE III )

O desafio da Água


A água vai se tornar um bem precioso neste século em que o aumento populacional agravará as dificuldades para obtê-la. Um relatório produzido pelo Programa de Avaliação Mundial da Água (WWAP), da ONU, traça uma radiografia grave da situação nas diferentes regiões do mundo


Extraído do relatório Managing water under uncer uncertainty and risk, da WWAP

América Latina e Caribe
A população da região cresceu mais de 50% entre 1970 e 2009, embora as taxas de natalidade estejam diminuindo rapidamente. A população urbana triplicou nos últimos 40 anos, com uma tendência recente de crescimento rápido de cidades médias e pequenas, diferentemente da expansão acelerada das cidades de grande porte que ocorrera antes. Cerca de 35% dos habitantes (189 milhões de pessoas) ainda vivem na pobreza, 14% dos quais são muito pobres.
Muitos países têm-se beneficiado do aumento da demanda global por minérios, alimentos, madeira, peixes e turismo, uma vez que são dependentes da exportação "virtual" de água por meio desses bens e serviços.
Embora a maioria dos países tenha uma boa cobertura de água e saneamento, quase 40 milhões de pessoas ainda não possuem acesso à água tratada e cerca de 120 milhões, a instalações sanitárias adequadas. Em geral, trata-se de habitantes pobres das zonas rurais. A questão é política, não de ausência de recursos.
A região tem 61 bacias e 64 aquíferos que ultrapassam as fronteiras nacionais. Muitos países firmaram acordos de água transfronteiriços para gerenciar energia hidrelétrica, mas os obstáculos políticos muitas vezes têm induzido a conflitos. Os exemplos de acordos para a gestão compartilhada das águas subterrâneas são poucos e distantes entre si.
Com recursos de gerenciamento de água relativamente fracos, os países mais pobres da América Central, do Caribe e dos Andes correrão maior risco de impacto pela escassez do recurso. No lado positivo, as lições aprendidas a partir da adaptação às consequências do fenômeno El Niño (o aquecimento anormal das águas superficiais no leste do Oceano Pacífico, que afeta o clima regional e global) têm impulsionado a inovação tecnológica e a capacitação. Essas inovações devem ajudar os países a lidar com as mudanças climáticas.

FONTE: Revista Planeta

sábado, 21 de julho de 2012

NEANDERTAL SE TRATAVA COM ERVAS MEDICINAIS, DIZ ESTUDO ( Descobertas Arqueológicas Recentes )

20/07/2012 - 17h09

Neandertal se tratava com ervas medicinais, diz estudo

RAFAEL GARCIA
EM WASHINGTON
A espécie de humanos distinta do Homo sapiens que habitou a Europa até 30 mil anos atrás -- os neandertais -- tinham uma cultura tão sofisticada que incluía até conhecimento sobre ervas medicinais. Pesquisadores analisaram a composição química do tártaro acumulado em dentes fossilizados de um indivíduo da espécie e encontraram traços de camomila, mil-folhas e outras plantas que não puderam ser identificadas.
"Acreditamos que ele estivesse consumindo essas folhas para automedicação, porque o gosto delas, amargo, não é muito bom", disse à Folha Karen Hardy, arqueóloga da Universidade de York (Reino Unido), que fez a descoberta. "As plantas que identificamos também têm valor nutricional muito baixo, e certamente eles não as estavam comendo para obter energia."
Em estudo na edição desta semana da revista alemã de ciências naturais "Naturwissenschaften", Hardy descreve com seus colegas como a descoberta foi feita em fósseis de neandertais de 50 mil anos atrás. Os fósseis saíram de um sítio arqueológico aberto em 1994 na caverna de El Sidrón, em Astúrias, no norte da Espanha.

Comunicação CSIC
Pesquisadoras trabalham na caverna de El Sidrón, na Espanha, que foi habitada por neandertais
Pesquisadoras trabalham na caverna de El Sidrón, na Espanha, que foi habitada por neandertais
Para identificar os diferentes componentes de plantas que estavam aprisionados no tártaro dos hominídeos, os cientistas combinaram a espectrometria de massa (técnica para revelar a composição química de materiais) com a análise de imagens de microscópio eletrônico, que revelou grãos minúsculos de plantas fósseis trituradas.
"A camomila, claro, é conhecida hoje como chá para acalmar os nervos, às vezes usado contra indigestão", diz Hardy, que afirma detestar o sabor da planta. "Já o mil-folhas é um adstringente -- causa aumento localizado da circulação de sangue -- e às vezes é receitado contra resfriado."
VEGETARIANISMO?
Para fazer o estudo, a arqueóloga analisou dentes de dez indivíduos, no total, e encontrou evidências de consumo de plantas com amido em todos. Três deles exibiam traços de carboidratos sugerindo que os vegetais haviam sido cozidos antes de ser ingeridos. Um dos fósseis -- o mesmo que consumira ervas medicinais -- não apresentou traços químicos relacionados ao consumo de carne. Foi uma surpresa para os cientistas, pois neandertais até agora vêm sendo considerados uma espécie carnívora.

Comunicação CSIC
Pesquisadora trabalha na caverna de El Sidrón, na Espanha, que foi habitada por neandertais
Pesquisadora trabalha na caverna de El Sidrón, na Espanha, que foi habitada por neandertais
"Não sabemos como interpretar isso, ainda", diz Hardy. "Temos que fazer mais estudos antes de dizer se esse indivíduo pertencia a uma cultura vegetariana totalmente alternativa."
Segundo Hardy, ainda é difícil saber quais seriam as fontes do amido que os neandertais de El Sidrón estavam comendo, pois ainda não existem estudos suficientes sobre como era a vegetação da região há 50 mil anos. Os indícios de que esses hominídeos também sabiam cozinhar foram reforçados por partículas de fumaça de madeira queimada encontradas grudadas em seus dentes.
A variedade de moléculas encontradas no tártaro fossilizado dos hominídeos sugere que eles consumiam ainda muitas outras plantas diferentes, ainda que os cientistas só tenham conseguido identificar duas com precisão. "Provavelmente os neandertais conheciam seu ambiente muito bem, e nós vínhamos subestimando essa capacidade de entendimento que eles tinham", diz Hardy.

FONTE: Folha.com/Ciência

GEOCIENTISTAS ACHAM RESERVATÓRIO NATURAL DE ÁGUA LIMPA NA NAMÍBIA ( Notícias/Mundo )

21/07/2012 - 05h00

Geocientistas acham reservatório natural de água limpa na Namíbia

DE SÃO PAULO
Descoberto no subsolo do norte da Namíbia, fronteira com Angola, um aquífero de 2.800 km² poderá suprir essa região do país africano por 400 anos mesmo com as taxas de consumo atuais, informa a rede britânica BBC.
Batizado de Ohangwena 2, o novo reservatório natural possui águas com 10 mil anos que são tão limpas quanto as fontes atuais.
A alta pressão das águas vai facilitar e baratear a extração. Isso pode ter grande impacto no desenvolvimento do país -o mais seco da África ao sul do Saara- e no combate às mudanças do clima. 

FONTE: Folha.com/Ciência