segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CIENTISTAS EXPLICAM FORMAÇÃO DE " CORDILHEIRA FANTASMA " NA ANTÁRTIDA ( Artigo Científico )

19/11/2011 - 08h42

Cientistas explicam formação de 'cordilheira fantasma' na Antártida

DA BBC BRASIL
Cientistas dizem que agora podem explicar a origem do que talvez sejam as mais extraordinárias montanhas da Terra.
As Gamburstsevs são do tamanho dos Alpes europeus e totalmente cobertas pelo gelo antártico.

BBC
Cientistas explicam formação de 'cordilheira fantasma' na Antártida
Cientistas explicam formação de 'cordilheira fantasma' na Antártida
Sua descoberta na década de 1950 foi uma grande surpresa. A maioria supunha que o continente fosse plano e sem grandes variações.
Mas dados de estudos recentes sugerem que a cadeia de montanhas formou-se há mais de um bilhão de anos, segundo o trabalho divulgado na publicação científica Nature.
As Gamburtsevs são importantes por serem o local onde sabemos hoje que o gelo iniciou sua expansão pela Antártida.
ESTUDOS CLIMÁTICOS
A descoberta da história das montanhas ajudará portanto em estudos climáticos, auxiliando cientistas a descobrir não apenas mudanças passadas da Terra, mas também possíveis cenários futuros.
"Pesquisar estas montanhas foi um enorme desafio, mas fomos bem-sucedidos e produzimos um trabalho fascinante", disse Fausto Farraccioli, da British Antartic Survey (BAS), à BBC.
Ele foi o pesquisador principal do projeto AGAP (sigla em inglês para Província Antártica de Gamburtsev).
A equipe de cientistas de várias nacionalidades viajou algumas vezes durante os anos de 2008 e 2009 ao leste do continente gelado, mapeando o formato da montanha escondida usando um radar capaz de penetrar o gelo.
Outros instrumentos registraram os campos gravitacionais e magnéticos, enquanto sismômetros estudavam as profundezas da Terra.
A equipe AGAP acredita que estes dados podem agora construir uma narrativa consistente para explicar a criação das Gamburtsevs e sua existência através do tempo geológico.
SUPERCONTINENTE
É uma história que começou pouco antes de um bilhão de anos atrás, muito antes de formas de vida complexas se formarem no planeta, quando os continentes estavam se atraindo para formar um supercontinente conhecido como Rodínia.
A colisão que aconteceu gerou as enormes montanhas.
No decorrer de centenas de milhões de anos, os picos sofreram gradualmente um processo de erosão. Apenas as "raízes", ou bases, das montanhas teriam sido preservadas.
Mas entre 250 e 100 milhões de anos atrás, quando os dinossauros habitavam o planeta, os continentes começaram a se separar em uma série de fissuras próximas à base gelada das montanhas.
Este movimento aqueceu e rejuvenesceu as "raízes", criando as condições necessárias para que a terra se elevasse mais uma vez, fazendo com que as montanhas fossem restabelecidas.
Seus picos cresceram ainda mais na medida em que vales profundos foram sendo cortados por rios e geleiras a seu redor.
E teriam sido as geleiras que escreveram os capítulos finais, há cerca de 35 milhões de anos, quando elas se expandiram e se fundiram para formarem o Manto Antártico Oriental, encobrindo a cadeia de montanhas neste processo.
MISTÉRIO SOLUCIONADO
"Esta pesquisa realmente soluciona o mistério de por que você pode ter montanhas aparentemente jovens em meio a um velho continente", diz a pesquisadora principal do estudo, Robin Bell, da universidade de Columbia.
"As montanhas originais provavelmente foram erodidas, para retornar como uma fênix. Elas tiveram duas vidas", disse ela.
A ideia é agora conseguir financiamento para escavar as montanhas em busca de amostras de solo, que poderiam confirmar o modelo divulgado na Nature.
Os pesquisadores também buscam determinar o local mais adequado para fazer a escavação no gelo.
Ao examinar bolhas de ar presas na neve compactada, os pesquisadores podem determinar detalhes do passado, como condições ambientais, incluindo a temperatura e a concentração de gases na atmosfera, como dióxido de carbono.
Acredita-se que em algum local da região de Gamburtsev seja possível a coleta de amostras de gelo com mais de um milhão de anos. A amostra seria ao menos 200 mil anos mais antiga do que o gelo antártico já analisado por cientistas. 

FONTE: Folha.com/BBC Brasil

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