terça-feira, 26 de abril de 2011

INSCRIÇÕES RUPESTRES ( Serra da Capivara/Piauí-BRASIL )


Inscrições rupestres  Serra da Capivara  

 
   


 
No interior do Parque Nacional da Serra da Capivara existem cerca de 300 sítios arqueológicos em cujas paredes se encontram pinturas feitas pelos homens pré-históricos. Essas pinturas são um verdadeiro registro gráfico , uma crônica da sociedade que aqui vivia, seus mitos, religiões, cerimônias e vida cotidiana.
Desde 1970, os pesquisadores trabalham na identificação dos povos que aqui viveram, e dos que fizeram as diferentes pinturas que puderam ser classificadas. Para isso foram feitas escavações, analisados milhares de utensílios e restos de pinturas encontradas nas camadas arqueológicas, essas mesmas camadas foram datadas pelo método do Carbono-14 e, assim, foi possível provar que desde, pelo menos 29.000 anos atrás, havia grupos humanos que pintavam sua história nestas paredes.
Foi possível  identificar alguns grupos estilísticos diferentes. A classe mais vasta é chamada Tradição e se caracteriza pelos temas e figuras representados. No Parque Nacional temos duas grandes tradições, a Nordeste e a Agreste.
A Tradição Nordeste, que existe desde, pelo menos, 12.000 anos e desaparece da região 6.000 anos mais tarde, é a dominante. Caracteriza-se pela narratividade de suas composições que englobam animais e homens, juntos ou separados. Os homens, quase sempre, estão desempenhando uma cena: dança, cerimonial, mítica, caça, luta, sexo, parto e outras cujo significado nos escapa completamente.
Os animais representados são os da fauna corrente, emas, tatus, onças, jacarés, capivaras, peixes, seriemas, macacos, entre outros. As figuras, tanto de animais como de homens, mostram um movimento marcante.
A quantidade de sítios  desta Tradição permitiu que fossem definidas sub-classes, os estilos, denominados respectivamente, estilo Serra da Capivara, o mais antigo, o estilo Serra Talhada e o estilo Serra Branca, o último da tradição.
O estilo Serra da Capivara (12000-8000 anos) é caracterizado por pinturas de tamanho reduzido, representando figuras desenvolvendo ações de grande dinamismo, com temas muito diversificados.
O estilo Serra Talhada (8000-6000 anos), cobre a evolução das pinturas entre os períodos inicial e terminal da tradição Nordeste que, durante seis mil anos, apresentou modalidades técnicas de realização e de encenação que mudam enquanto permanecem as escolhas temáticas fundamentais.
O estilo Serra Branca (6000 anos), o mais recente, é caracterizado pelo estatismo das figuras. Nelas, o autor passou a privilegiar as características ornamentais e a policromia nas figuras.
Os povos da Tradição Nordeste ocuparam um vasto território em todo o Nordeste, chegando até o norte de Goiás. Sua cultura, rica e poderosa, deixou marcas nas paredes de abrigos em todas essas regiões e, mesmo se aparecem variações gráficas, a temática é mantida.
A Tradição Agreste aparece por volta de 10.000 anos e parece perdurar até cerca de 4000-3.500 anos atrás. Os temas representados são animais e homens, estes geralmente desenhados cobertos por grandes máscaras e com cocares e penas na cabeça. As figuras são rígidas e estáticas e não há composições temáticas.
As duas tradições compreendem também figuras geométricas ou sinais que deviam ser símbolos de um código que se perdeu para sempre no passar dos milênios. Qualquer tentativa de interpretá-las não tem nenhum valor científico pois as formas utilizadas  pelos homens podem ser a mesma, mas seu significado varia de uma cultura para outra.
A cor utilizada pelos homens pré-históricos nas épocas mais antigas (entre 29.000 e 9.000 anos atrás) era unicamente o vermelho, obtido da hematita (oxido de ferro). As diferentes tonalidades, como claro, médio, escuro do vermelho são somente um resultado da concentração do corante. Essas tonalidades diferentes eram obtidas graças ao aquecimento do óxido de ferro.
A partir de 9.000 anos atrás os homens começaram  a utilizar outras cores como o amarelo, que é um mineral, a goetita, o branco feito com gipsita ou kaolinita, e o cinza composto de hematita misturada com kaolinita, também substâncias minerais. O preto é composto de substâncias orgânicas pois era obtida a partir de ossos de animais queimados e triturados.

 
FONTE:  Folder da Fumdham
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito 10 o relato e muito bem registrado.
Parabéns!