sábado, 12 de março de 2011

A DIFÍCIL VIDA E SOBREVIVÊNCIA DAS "MULHERES GIRAFAS" DA TAILÂNDIA

A difícil sobrevivência das mulheres-girafa

Discriminadas em sua terra natal, as paudangs, como são conhecidas, refugiam-se na Tailândia onde se transformaram em atração turística


Em janeiro do último ano, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) recomendou aos turistas que não visitassem os povoados dos padaung na Tailândia por considerarem que são "zoológicos humanos". No entanto, milhares de turistas visitam todos os anos as "mulheres-girafa", que posam indiferentes enquanto são fotografadas de forma incessante. Vestidas com blusas brancas e bombachas, as mulheres padaung (que significa "pescoço longo" ) ganham um sustento com a venda de lenços, braceletes e de figuras confeccionadas por elas próprias.

Os homens do povoado, que ficam desocupados a maior parte do tempo, são os encarregados de cobrar as entradas de 500 bats (cerca de US$ 14 ou 11 euros) aos turistas estrangeiros - um pouco menos aos tailandeses. Os lucros se dividem entre os líderes da tribo, os guias turísticos e as "mulheres-girafa", que podem chegar a ganhar cerca de 3 mil bats (US$ 80 ou 68 euros) mensais. Luank, que chegou há cinco anos à Tailândia, explicou que o dinheiro que ganha com o turismo é sua única fonte de renda, já que não podem trabalhar na Tailândia por sua condição de refugiados. "Nossos filhos vão ao colégio e temos provisão de luz e água, mas nossa única fonte de renda é o turismo, porque não temos licença para realizar outros trabalhos fora da aldeia", relata a mulher, que deu à luz seus dois filhos em território tailandês.

Carecendo de terras para o cultivo de arroz, também precisaram abandonar a agricultura, sua principal atividade econômica quando viviam em Mianmar. "Não me importa que tirem fotos e, embora sinta saudade do meu país, estou contente com a vida que levo aqui", insiste Luank, em uma mistura de resignação e complacência. Conflitos - A maioria dos habitantes de Meta Man não acompanha a atualidade política de seu país, onde a Junta Militar atua impunemente contra as minorias tribais, com as quais mantém um conflito bélico há quatro décadas.

Segundo os relatórios da ONG Anistia Internacional e Human Rights Watch, o exército birmanês obrigou centenas de milhares de pessoas a se refugiar, dentro e fora de seu país.Várias testemunhas relatam que os soldados violam sem hesitação as jovens das tribos e capturam os homens para que trabalhem em condições de semi-escravidão na construção de estradas, pontes e outras obras públicas.

Muitos fogem para a Tailândia, onde sobrevivem com dificuldades porque o governo não reconhece a eles o status de refugiados, embora ceda terras para que vivam. Luank reconhece que no povoado-reserva da Tailândia tem a oportunidade de conservar seus costumes e raízes, apesar de ao preço de se exibir como atração turística.

"Em Mianmar, muitas têm que emigrar às cidades pelas duras condições nas zonas rurais e precisam tirar os aros do pescoço", explica. Muitos turistas negam-se a visitar estas aldeias, mas outros alegam que contribuem para a sobrevivência das mulheres-girafa graças ao dinheiro das entradas e à compra de souvenirs. As mulheres realizam as tarefas domésticas, comercializam seus produtos artesanais com os turistas ebrincam e correm pelo povoado sem que os acirrados aros lhe representem nenhum obstáculo.

Saiba mais

As "mulheres-girafa" recebem este apelido pelos aros de cobre que colocam no pescoço para alongá-lo, o que lhes confere um aspecto esbelto ao pressionar para baixo os ombros e elevar a mandíbula, como se mostrassem uma curiosidade perpétua por observar o que lhes rodeia.

No total, há cerca de 15 aldeias padaung espalhadas pelo norte tailandês. Existem cerca de 7 mil mulheres birmanesas que utilizam estes aros. No entanto, muitas fugiram para a Tailândia fugindo da guerra e da repressão que às quais estavam submetidas em seu país de origem.

FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre/Diário de Pernambuco.

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