sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ANIMAIS DA FAUNA MUNDIAL ( O Diabo-da-tasmânia )

Diabo-da-tasmânia

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Macho adulto
Macho adulto

Estado de conservação
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Dasyuromorphia
Família: Dasyuridae
Género: Sarcophilus
Espécie: S. harrisii

Nome binomial
Sarcophilus harrisii
(Boitard, 1841)

Distribuição geográfica
Distribuição geográfica atual (em cinza).
Distribuição geográfica atual (em cinza).

Sinónimos
  • Sarcophilus satanicusThomas, 1903
  • Didelphis ursina (Harris, 1808) (preocc.)
Wikispecies
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O diabo-da-tasmânia (nome científico: Sarcophilus harrisii, do grego, sarx, carne + philos, amigo; e harrisi, em homenagem a George Harris) é um mamífero marsupial, da família Dasyuridae, atualmente endêmico da ilha da Tasmânia, Austrália. Através do registro fóssil sabe-se que a espécie habitou também o continente australiano, tendo se extinguido há cerca de 400 anos antes da colonização pelos europeus. As causas do desaparecimento são desconhecidas mas pensa-se que tenha sido influenciado pela introdução do dingo, pela chegada e expansão dos aborígenes e por influência climática do El Niño durante o Holoceno.
Com uma aparência de urso, que lhe rendeu a descrição científica de Didelphis ursina, é um animal robusto e musculoso. Sua pelagem é escura e com uma mancha branca característica na região da garganta. Após a extinção do tilacino, tornou-se o maior marsupial carnívoro da atualidade. Pode ser encontrado em vários tipos de habitat, incluindo áreas urbanas.
Foi caçado e envenenado pelos colonizadores devido aos ataques as criações, principalmente galinhas e cordeiros. As populações estavam reduzidas, e em 1941, a espécie foi oficialmente protegida e os números começaram a crescer. Entretanto, na década de 90, com o aparecimento do tumor facial do diabo-da-tasmânia as populações de diabos foram reduzidas drasticamente, levando a espécie a ser classificada como estando em perigo de extinção. Programas de manejo da doença têm sido conduzidos pelo governo da Tasmânia para garantir a continuidade da espécie. O animal é um ícone da Tasmânia e de muitas organizações, grupos e produtos associados. Ficou popularmente conhecido atráves do personagem Taz dos desenhos animados Looney Tunes.

Índice

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[editar] Distribuição geográfica e habitat

O diabo-da-tasmânia é endêmico da Austrália, onde pode ser encontrado apenas na ilha da Tasmânia e alguns ilhas costeiras próximas, como a Robbins, Bruny e Badger. A população da ilha Bruny sobreviveu até meados dos anos 1800, não havendo mais registros para a espécie após 1900.[1] A população da ilha Badger foi ilegalmente introduzida na metade da década de 90, sendo removida em agosto de 2007.[1]
A espécie extinguiu-se no continente australiano entre 3 000 e 4 000 anos a.p.[2] Dentre os fatores que levaram a extinção, três hipóteses são levantadas: (1) competição com os dingos por alimento,[3] (2) pressão sofrida pela expansão dos aborígenes,[4] e (3) mudança climática em decorrência da intensificação da Oscilação Sul-El Niño (OSEN).[2]
Os diabos podem ser encontrados em todos os habitats da ilha, incluindo áreas urbanas, mas preferencialmente habita bosques costeiros e florestas esclerófilas. Não é encontrado em áreas de altitude elevada.

[editar] Características

Ficha técnica[5]
Altura --
Comprimento 525 - 300 mm
Cauda 230 - 300 mm
Peso 4,1 - 8,1 (fêmeas)
5,5 - 11,8 (machos)
Tamanho de ninhada 2 - 4
Gestação 31 dias
Desmame 8 meses
Maturidade sexual 2 anos (fêmeas)
11 meses (machos)
Longevidade 8 anos
O diabo-da-tasmânia possui uma aparência superficial de urso, exceto pela cauda. Possui porte robusto, com uma cabeça curta, larga e musculosa, orelhas arredondas e focinho curto. Sua pelagem é castanha escura a negra, exceto pela mancha branca na região da garganta, e por uma ou duas manchas na região lombar e lateral do corpo. O crânio e os dentes são maciços e resistentes. Os molares são bem desenvolvidos e adaptados, permitindo que o diabo triture ossos. A fórmula dentária é Superior: 4.1.2.4 / Inferior: 3.1.2.4, Total = 42.
Os membros dianteiros tendem a ser maiores que os traseiros. O primeiro dedo do pé está ausente, fazendo com que o diabo tenha 5 dedos na mão e apenas 4 nos pés. As garras não são retráteis. As fêmeas possuem 4 mamas e o marsúpio é completamente fechado na estação reprodutiva, ao contrário da maioria das espécies da família. O tamanho varia consideravelmente com o habitat, a dieta e a idade. Os machos são geralmente maiores que as fêmeas. A cauda funciona como um depósito de gordura, e diabos saudáveis tendem a ter caudas grossas.

[editar] Ecologia e comportamento


As vibrissa do diabo-da-tasmânia ajudam a detectar presas.
Estes animais contam sobretudo com a visão, o olfato e os bigodes para localizar o alimento. São animais diurnos e solitários mas encontram outros membros da sua espécie em torno de carcaças. Nesta circunstância são extremamente agressivos e envolvem-se em lutas que deixam cicatrizes profundas com frequência. As lutas são acompanhadas de barulhentas vocalizações como grunhidos, guinchos e latidos que contribuem para a fama de ferocidade do animal. Em condições de cativeiro, os diabos-da-tasmânia organizam-se num sistema altamente hierarquizado.
Com a extinção do tigre-da-tasmânia, o diabo tornou-se no predador de topo da cadeia alimentar no seu ecossistema, mas os juvenis podem ser caçados por águias, corujas e quolls. Estes animais têm um impacto positivo no seu habitat, no controlo de espécies introduzidas de lagomorfos e roedores e na remoção de carcaças em decomposição. Podem também ser prejudiciais ao Homem quando atacam rebanhos de ovelhas.

[editar] Hábitos alimentares

Os diabos-da-tasmânia são predadores activos de wombats, wallabees e mamíferos placentários introduzidos (como o coelho), e ocasionalmente necrófagos. Em alturas de escassez podem também comer insectos, cobras e frutos.

[editar] Reprodução

A época de reprodução dos diabos-da-tasmânia situa-se anualmente em Março e resulta em ninhadas de 2 ou 3 crias que nascem em Abril, ao fim de 21 dias de gestação. Como na maior parte dos marsupiais, o resto do desenvolvimento dos juvenis faz-se no interior do marsúpio (a bolsa) neste caso durante os quatro meses seguintes. As crias saem pela primeira vez em Agosto-Setembro e tornam-se independentes em Dezembro. As fêmeas atingem a maturidade sexual aos dois anos.

[editar] Nomenclatura e taxonomia


Gravura do "Sarcophile oursin" publicada no "Histoire Naturelle des Mammifères" em 1837.
O naturalista George Harris fez a primeira descrição do diabo-da-tasmânia em 1808, nomeando-o Didelphis ursina, devido a aparência com o urso por causa das orelhas arredondadas. Em 1810, Étienne Geoffroy Saint-Hilaire recombinou o nome científico para Dasyurus ursinus alegando uma maior relação entre o diabo e as espécies de Dasyurus. Frédéric Cuvier, em 1837, descreveu o gênero Sarcophilus para o ursinus, alegando que a espécie era mais próxima ao Thylacinus que ao Dasyurus, porém com características distintivas o suficiente para garantir a descrição de um novo gênero.[6] Em 1838, Richard OwenDasyurus laniarius, com base em espécimes do Pleistoceno coletados na caverna Wellington, em Nova Gales do Sul.[7] Como o nome proposto por Harris, já estava ocupado pelo Didelphis ursina descrito por George Shaw em 1800, este foi substituído por Ursinus harrisii descrito por Pierre Boitard em 1841.[8] descreveu uma espécie fóssil,
Werdelin, em uma revisão taxonômica publicada em 1987, determinou que a espécies do Pleistoceno e a Recente não possuiam caracteríticas distintas marcantes e deviam ser consideradas como uma única espécie, cujo nome seria Sarcophilus laniarius (1838) que possuia prioridade sobre Sarcophilus harrisii (1841).[9] O trabalho de Werdelin não foi muito aceito pela comunidade científica, e ambos os nomes foram usados para o diabo-da-tasmânia no decorrer dos anos. Colin Groves na segunda edição do "Mammals Species of the World" de 1993, utilizou o nome Sarcophilus laniarius para a espécie,[10]Sarcophilus harrisii, deixando o nome S. laniarius para a espécie fóssil, que deveria ser retida como uma espécie diferente já que as medidas da espécie fóssil e atual não coincidem em muitas variáveis.[11] entretanto, na terceira revisão de 2005, retornou a usar
O diabo-da-tasmânia é uma espécie politípica, possuindo duas subespécies reconhecidas: S. h. harrisii, encontrado na Tasmânia, e S. h. dixonae, táxon extinto descrito por Werdelin 1987, com base em material subfóssil encontrado em Nelson Bay, Victoria.[11] Análises filogenéticas demonstraram que o diabo é mais relacionado com as espécies do gênero Dasyurus do que com o Thylacinus, ao contrário do que postulou Frédéric Cuvier em 1837.[12]

[editar] Conservação

No passado foi caçado e envenenado pelos estragos causados ao rebanho e pela sua carne, que os colonos diziam ter sabor a vitela. A espécie foi protegida em 1941 e a partir daí a população recuperou-se.
Em 2009, o seu estatuto de conservação, na Austrália passou de vulnerável para ameaçado.[13][14]

[editar] Tumor facial


O tumor facial causa tumorações em torno da boca, levando o animal a morte.
Em 1996 foi detectado pela primeira vez
Nos últimos anos, têm-se registrado perdas significativas para uma doença cancerosa que aparenta ser endémica nos diabos-da-tasmânia. Esta doença foi identificada em 1999 e causa tumores em torno da boca, sendo normalmente fatal por impedir a alimentação do animal. Foram afectados 70% dos indivíduos desde 1996.
O modo de contágio ou propagação da doença permanece desconhecido e há evidências de que seja cíclica com um período de 70 a 100 anos. A epidemia atingiu proporções catastróficas, levando os conservacionistas a tomar medidas extremas como matar os animais que apresentem os estágios iniciais da doença, para evitar o contágio, e criar áreas fechadas com populações saudáveis nas ilhas ao largo da Tasmânia, de forma a permitir a reintrodução no caso da espécie ser erradicada da ilha principal no futuro próximo.
Em 10 de março de 2010, cientistas australianos anunciaram a descoberta de uma colônia de diabos-da-tasmânia que se mostra imune ao câncer contagioso. A partir dessa descoberta, os pequisadores querem desenvolver uma vacina que combata a proliferação desse câncer [15].

[editar] Aspectos culturais

Em meados da década de 1960, esta espécie animal inspirou os estúdios Warner Bros, que produzia os desenhos animados de Pernalonga, Frajola & Piu Piu, Patolino, Papa-Léguas, etc., a criar um personagem que inicialmente apareceu em alguns episódios dos desenhos de Pernalonga. O personagem fez tanto sucesso que a Warner Bros o transformou em personagem fixo, batizando-lhe de "Taz", fazendo-lhe, inclusive, de protagonista de uma série de desenhos produzidos por esta produtora.

FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.

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