segunda-feira, 12 de julho de 2010

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS (Enkomi- Ilha do Chipre/EUROPA)

Enkomi

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Enkomi (em grego Έγκωμη) é um sítio arqueológico da Idade do BronzeFamagusta, na parte norte-ocidental da ilha do Chipre. situado a sete km a norte de

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[editar] Alasiya

A cidade foi identificada pelos investigadores com Alasiya, um topônimo mencionado em fontes egípcias (cartas de Amarna), hititas, micênicas e ugaríticas como um importante subministrador de cobre e situado em alguma zona do Mediterrâneo oriental; embora alguns historiadores sugestionassem que Alasiya poderia estar nas atuais Turquia ou Síria, a opinião majoritária é de a situar no Chipre, embora não seja possível determinar se Alasiya fazia referência a toda a ilha ou somente a uma parte desta. Uma prova da situação cipriota de Alasiya é o achado de uma inscrição de culto do século IV a.C. que faz referência a Apolo Alasiotas. Em qualquer caso, a capital deste reino deveu situar-se em Enkomi pelo menos durante algum tempo.

[editar] História

O assentamento estabeleceu-se na Idade do Bronze Médio numa baía da costa, atualmente obstruída pelos sedimentos do rio Pedieos. Os primeiros achados datam do s. XVII a.C. e aproximadamente do s. XVI a.C. até o s. XII a.C. foi um importante centro comercial de exportação de cobre, que era fundido no sítio, e manteve fortes vínculos culturais com Ugarit, cidade situada na costa da Síria. Durante a primeira fase amostra uma forte influência egípcia e, segundo Peltenburg[1], neste momento Enkomi era a capital da totalidade do Chipre, enquanto outros autores sustêm que deveu haver uma estrutura política muito mais fragmentada. A partir do s. XIII a.C. desenvolveram-se na costa sul outros centros comerciais e por volta de 1050 a.C. Enkomi foi abandonado definitivamente após um terramoto, o que, unido à sedimentação da baía, provocara o auge da vizinha Salamina.

[editar] Escavações

O sítio foi descoberto em 1870 pelos irmãos Luigi e Alessandro Palma di Cesnola. Após mais de uma década de saque generalizado, atraídos pela alta qualidade dos enxovais das tumbas, o sítio foi escavado desde 1896 pelo arqueólogo inglês Alexander Stuart Murray para o Museu Britânico. Os objetos encontrados conservam-se no Museu Britânico,[2] e incluem, entre outros, amostras da fundição de bronze e o enxoval das cerca de 100 tumbas escavadas, que procedem nomeadamente da época da XVIII Dinastia egípcia de finais do s. XIV e XIII a.C.
As escavações retomaram-se em 1913 por John Myers e Menelao Markides do Museu do Chipre; em 1932-195 aconteceu a expedição sueca dirigida por Claude F. A. Schaeffer, que escavara previamente em Ugarit, trabalho que continuou entre 1946-1950; e na década de 1948-1958 as escavações foram dirigidas por Porphyrios Dikaios, do departamento local de antiguidades.

[editar] Estruturas

Por volta de 1200 a.C. a cidade foi rodeada por uma muralha cuja base era formada por grandes pedras (alvenaria ciclópea) de 400 metros[3] sob um muro de adobe, construção similar à encontrada em Palaikastro a oeste do Chipre. O urbanismo é caracterizado pelo traçado de ruas em ângulo com as portas da cidade e por contar com uma sofisticada rede de esgoto. Também foi encontrado um sítio de processamento do cobre, que guarda paralelismos com Kition, no qual o tratamento do cobre decorria numa área do templo. As casas, construídas em adobe, constavam de vários cômodos em torno de um pátio central e sob elas eram enterrados os seus mortos.
A complicada estratigrafia do sítio foi resolvida[4] com a divisão da mesma em quatro fases principais, que pela sua vez compreendem diferentes sub-fases:
  • Nível A  : É a fase mais antiga, com restos escassamente conservados situados diretamente sobre a rocha mãe.
  • Nível I: De princípios da Idade do Bronze e revela a destruição das fortificações em duas ocasiões.
  • Nível II: Compreende os séculos XIV-XIII a.C. e termina com a destruição massiva do sítio.
  • Nível III: É a época da colonização micênica, com três sub-etapas:
    • III A e III B: A cidade é construída com dez ruas em ângulo reto e uma praça central pavimentada com pedra na estrada principal norte-sul; há um grande edifício (seguramente uma estrutura palacial), três santuários e doze áreas especializadas na elaboração do cobre[3]. Neste momento a cidade fortifica-se com a muralha antes citada, mas finalmente será destruída em torno do 1125 a.C. no contexto das invasões dos povos do Mar.
    • III C: É a fase final micênica, com uma população em declínio. O sítio seria abandonado definitivamente após um terramoto em meados do século XI a.C.
Neste plano das escavações podem ser apreciados:
  1. Casa de bronzes.
  2. Muralhas com torres.
  3. Casa com pilares.
  4. Edifício com 18 enterramentos.
  5. Santuário do deus chifrudo.
  6. Edifício com bronzes.
  7. Local de produção do cobre.
  8. Torre na porta sul.
  9. Porta Norte.
As escavações revelaram que o culto religioso está intrinsecamente vinculado com a exploração de cobre. Têm-se descoberto três grandes [[Santuário (edifício)|santuários]; o maior de eles, o do "deus chifrudo", descoberto por P. Dikeos, recorda protótipos orientais; no que se achou o "deus do lingote" consiste num edifício de planta retangular com uma orientação este-oeste, cujo interior fica dividido em dois ambientes por um muro situado aproximadamente para o centro da estância, diante do qual se ergueram dois altares monolíticos de pedra. Nos muros norte e sul havia encostados bancos de adobe. No ambiente ou setor norte foram encontrados uma grande quantidade de crânios de touro com os seus cornos e alguns omoplatas que apresentavam várias incisões, o que constitui um dado sumamente revelador. Acreditou-se que os crânios correspondiam a touros sacrificados à divindade, embora também pudessem ter sido utilizados como máscaras pelos sacerdotes ou hierofantes, pois alguns foram desprovidos de todo o osso sainte da parte posterior[5].

[editar] Achados arqueológicos

  • Deus chifrudo  :[6] Estatueta de bronze de uma deidade masculina encontrada num santuário de Enkomi (séculos XIII-XII a.C., Chipre). Cobre a sua cabeça com um capacete de pele do qual sobressaem dois grandes e afiados cornos de bovino. A sua posição frontal, o modelado do seu corpo e os seus traços faciais denotam uma forte influência grega,[7] mas a posição dos seus braços remete ao Próximo Oriente[5].
  • Deus do lingote: É uma estatueta de bronze de 35 cm. de altura encontrado em outro dos santuários, que representa o deus de pé vestido com o que parece uma camisa de linho e um faldelhim e tocado com um capacete cônico de cornos. Na sua mão esquerda sustém uma lança em atitude ameaçante e na direita um pequeno escudo, enquanto leva as pernas protegidas por grevas. A figura descansa sobre uma base em forma de pele de touro. Foi encontrado numa cela em 1963, colocado em posição vertical num fojo cuidadosamente construído e associado a cerâmica do século XII a.C. Trata-se do denominado deus da tempestade ou da tormenta, uma divindade celeste de origem sírio-palestina, embora apareça em toda uma área afro-euro-asiática bem extensa. Como deus da tormenta os seus atributos são o trono, o raio e a chuva (daí o seu aspecto guerreiro e ameaçante), bem como da força genésica e fecundadora, pelo qual é identificado com o touro (capacete de cornos e pele de touro).
  • Estuche de jogo na que se representa uma cena de caça : Um personagem de estilo asiático aponta com o arco desde um carro sírio, enquanto o auriga, látego na mão, conduz um brioso tiro ricamente adornado.
  • Marfim com cena do ataque de leão a um touro
  • Pingentes em forma de cabeça de touro
  • Numerosas tabuinhas de argila com inscrições em silabário cipriota e um estilete.
  • Taça de prata [8] com decoração, mediante a técnica do nielado,[9] de bucrânios e flores de loto e um cabo de osso com incrustações de ouro, achada na tumba 2/7 datada por volta de 1400 a.C., conservada no Museu do Chipre em Nicósia. A sua grande semelhança à taça de Dendra mandou supor a alguns investigadores que foi realizada pelo mesmo autor grego.
  • Xícaras de ouro semiesféricas.
  • Cerâmica micênica, inicialmente influenciada pelos produtos importados da Argólida e Rodas, para depois faturar uma cerâmica local conhecida como "Chipre-micênica" da qual se destacam-se as grandes crateras decoradas com figuras de grandes dimensões, talvez em semelhança às pinturas murais, mas sob formas esquemáticas.
Os achados são exibidos no Museu Britânico de Londres, no Museu do Chipre de Nicósia e no Museu de arqueologia e ícones do Mosteiro de São Barnabé, entre Salamina e Enkomi.
Deus chifrudo, estatueta de bronze, s. XIII a.C., Museu do Chipre, Nicósia.
Deus do lingote, s. XII a.C., Museu do Chipre, Nicósia.
Plato de fabricação egípcia, achado na tumba nº 66 de Enkomi.

FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.

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